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Quinta - 24 de Outubro de 2013 às 15:21

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Senador falou como testemunha no julgamento desta quinta (24). (Foto: Reprodução / TVCA)
Senador falou como testemunha no julgamento desta quinta (24). (Foto: Reprodução / TVCA)

Um dos responsáveis por desarticular o esquema de máquinas caça-níqueis e jogo do bicho em Mato Grosso, o ex-procurador da República Pedro Taques afirmou perante o juiz Marcos Faleiros nesta quinta-feira (24) em Cuiabá que o jornal Folha do Estado, do empresário Sávio Brandão, foi o único do estado a divulgar um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a existência de uma organização criminosa liderada pelo então bicheiro João Arcanjo Ribeiro. Hoje senador pelo PDT, Taques é uma das quatro testemunhas de acusação contra Arcanjo no julgamento pela morte do proprietário do jornal em 2002.

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“A Folha do Estado divulgou que o réu seria o ‘AL Capone de Mato Grosso’. Foi o único jornal a divulgar esse relatório porque naquela época ninguém tinha coragem de falar o nome de João Arcanjo. Diziam que ele era o chefe do jogo do bicho e era dono de um cassino em Cuiabá e outro em Rondonópolis [cidade a 218 km de Cuiabá]”, afirmou Taques, ao informar que, durante as investigações contra caça-níqueis e jogo do bicho, foi descoberta a existência de outros crimes.

“Nesse período, várias pessoas foram mortas em Cuiabá e Várzea Grande [região metropolitana da capital] e entendemos que tinha ligação com os caça-níqueis”, contou durante o primeiro dia de julgamento de João Arcanjo no Fórum de Cuiabá.

Porém, Arcanjo foi apontado como o mandante de crimes de pistolagem, entre eles a morte de Sávio Brandão, pelo ex-cabo da Polícia Militar, Hércules Araújo Agostinho, após o ex-policial ter confessado o crime e dado detalhes. Hércules contou que foi o responsável por efetuar os disparos de arma de fogo que mataram o empresário com o apoio de Fernando Barbosa, o ‘Belo’ (já falecido) e do ex-policial Célio Alves.

Defesa durante julgamento de João Arcanjo Ribeiro. (Foto: Assessoria/TJMT)


Arcanjo (à direita) e seu advogado, Zaid Arbid, durante o julgamento. (Foto: Assessoria/TJMT)
 

Durante as investigações das máquinas caça níqueis, Rivelino Brunini foi notificado pelo Ministério Público Federal (MPE) para prestar esclarecimentos sobre suposto envolvimento em um esquema de caça-níqueis. Porém, ele não compareceu e começou a ser procurado pela polícia.

“Ele começou a fugir e depois foi morto junto com outras duas pessoas. Daí então, outras pessoas começaram a ser assassinadas. Primeiro, o sargento José Jesus de Freitas e dois seguranças dele foram mortos, e depois o vereador de Várzea Grande Valdir Pereira. Depois, o segurança de um empresário também foi morto. O Sávio Brandão foi o último da série de assassinatos ocorridos em 2002”, contou Pedro Taques.

A partir de então, ele afirmou que os crimes começaram a ser investigados e a polícia chegou até Hércules, que fez referência à participação de João Arcanjo na morte do dono de jornal. “O Hércules tinha uma característica peculiar. Ele é frio e, com total tranqüilidade, prestou depoimento”, lembrou o ex-procurador.

João Arcanjo Ribeiro enfrenta júri em Cuiabá. (Foto: Reprodução/TVCA)


João Arcanjo Ribeiro durante o júri em Cuiabá.
(Foto: Reprodução/TVCA)

Hipóteses
A defesa de João Arcanjo alegou, durante o júri, que a investigação do crime não foi completa e levantou outras hipóteses para a encomenda do assassinato. O advogado do réu Zaid Arbid sustentou que havia outros supostos interessados na morte da vítima e questionou o fato de alguns indícios não terem sido apurados durante inquérito da Polícia Civil.

Ele questionou o delegado Luciano Inácio da Silva, que conduziu o inquérito do caso à época, sobre o motivo pelo qual essas hipóteses não constam no relatório final das investigações, encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE).

Segundo uma das hipóteses levantadas pelo advogado, uma madeireira teria interesse em “eliminar” Sávio Brandão por conta de notícias veiculadas a respeito de supostas empresas fantasmas no ramo de exportação de madeira ilegal. Um contrato com uma madeireira, lembrou Arbid, foi encontrado durante as buscas no escritório de João Leite, que atuava como cobrador nas factorings de Arcanjo.

Zaid também citou que um telefonema, no qual a mãe de um advogado diz que o filho poderia ser o mandante do assassinato de Sávio Brandão, não foi juntado ao inquérito da Polícia Civil.

Ele ainda leu um pedido feito pela ex-mulher do empresário à Justiça. Nesse documento, ela alegaria ter se desentendido com a sogra por conta da guarda do filho de Sávio Brandão e que a sogra estaria supostamente envolvê-la no crime.

Questionado sobre o motivo pelo qual esses fatos não constam no inquérito, o delegado alegou que não os considerou relevantes. Luciano Inácio foi a primeira testemunha a prestar depoimento nesta quinta-feira. Depois dele, Pedro Taques foi ouvido.





Fonte: Do G1 MT

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