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Meio Ambiente
Quinta - 07 de Novembro de 2013 às 13:04
Por: Eduardo Carvalho

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Levantamento feito por uma rede de organizações ambientais do país, e que analisou as emissões de gases de efeito estufa do Brasil entre 1990 e 2012, aponta que entre 2005 e 2012 a quantidade de gases liberados no país caiu 36,7%.



A redução foi puxada pelo setor de mudanças do uso do solo, que engloba índices de desmatamento. A diminuição foi de 68% em sete anos, segundo o estudo.


 
Os números são paralelos ao levantamento do governo federal divulgado este ano, que analisou as emissões até 2010 e constatou queda de 38,7% desde 2005.


 
No entanto, os números alternativos apontaram alta de 7% na quantidade de gases-estufa liberada pelo país ao analisar os últimos 22 anos, enquanto que as informações oficiais estimaram queda de 10,5% entre 1990 e 2010.


 
Os dados foram levantados pelo Observatório do Clima e fazem parte do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), plataforma on-line lançada nesta quinta-feira (7).


 
Seu objetivo, segundo Tasso Azevedo, consultor de sustentabilidade e clima e principal coordenador do sistema, será garantir informações claras sobre as emissões de gases nacionais, com atualização anual, além de ampliar a capacidade de entendimento da sociedade civil sobre como lidar com os gases-estufa lançados pelo país.


 
A plataforma analisou as emissões brutas, sem contabilizar dados de sequestro de carbono por meio de florestas em pé – metodologia utilizada pelo governo federal para realizar o inventário nacional de emissões. Pparalelo aos dados do governo, o estudo utilizou informações dos inventários nacionais lançados anteriormente.



 
Apesar de queda, número é alto


 
Segundo o Seeg, em 2005 as emissões nacionais foram de 2,34 bilhões de toneladas de CO2 equivalente.
Já em 2012, a estimativa caiu para 1,48 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (medida que soma emissões de ao menos seis gases poluentes, como o metano, o dióxido de carbono e óxido nitroso).


 
Os índices dos dois anos analisados foram maiores que as emissões nacionais de 1990, quando o país registrou 1,39 bilhão de toneladas de CO2. No mundo, entre 90 e 2012, as emissões cresceram 37% e passaram de 38 bilhões de toneladas de CO2 equivalente para 52 bilhões de toneladas.


 
Em 2012, mudanças no uso da terra (que incluem desmatamento) foi o setor que mais emitiu gases. Agropecuária foi o segundo setor que mais emitiu, seguido da energia, processos industriais e resíduos sólidos.


 
A área de energia foi a que registrou maior crescimento de emissões nas últimas duas décadas. O total passou de 193 milhões de toneladas de CO2 em 1990 para 436 milhões de toneladas em 2012, crescimento de 126% em 22 anos.


 
“Apenas nos últimos dois anos, as emissões do setor energético aumentaram 13%, graças ao maior consumo de gasolina (+34%) e redução do consumo de álcool (-30%). Além disso, foram acionadas usinas termelétricas (movidas a carvão) por conta da seca no Nordeste. Nos tornamos menos eficientes nessa parte e estamos fazendo com que as emissões cresçam mais rápido do que a nossa economia”, explicou Azevedo.


 
Ele explicou ainda que o setor deve aumentar ainda mais suas emissões se o país não crescer a participação de fontes renováveis na matriz energética.


 
Entre 1990 e 2012:
 
- mudança no uso da terra foi único setor que cortou emissões (-42%);
 
- geração de energia aumentou em 126% suas emissões;
 
- gases-estufa da agropecuária são 45% maiores desde 90;
 
- processos industriais lança 65% mais gases atualmente;
 
- resíduos sólidos elevou suas emissões em 64% em 22 anos.

 
Queda no desmatamento


 
A redução de emissões na mudança de uso da terra é resultado de políticas voltadas ao combate do desmatamento ilegal no país, principalmente na Amazônia, bioma que mais teve retração de emissões.


 
Dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontaram que o desmate no bioma entre agosto de 2011 e julho de 2012 foi de 4.571 km², menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.


 
No entanto, Azevedo disse que a quantia ainda é alta e faz do Brasil o país que mais desmata florestas no mundo.


 
A intenção das ONGs ligadas ao sistema de emissões é apresentar as informações para os ministério do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Casa Civil, Fazenda, além da pasta de Desenvolvimento.


 
Inventário Nacional


 
Em junho, o Ministério da Ciência divulgou que entre 2005 e 2010 as emissões brasileiras de gases de efeito-estufa caíram 38,7%. No período, os gases emitidos pelo país caíram de 2,03 bilhões de toneladas de CO2 equivalente para 1,25 bilhão de toneladas de CO2 equivalente.


 
Segundo o governo, o resultado fez o país atingir em cerca de 62% sua meta total de corte de emissões projetadas para 2020. Este compromisso foi assumido de forma voluntária em 2009, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 15, realizada em Copenhague.


 
Na época, o Brasil prometeu diminuir ao longo desta década entre 36,1% e 38,9% do total de emissões nacionais. O redutor ficaria dividido em cinco grandes setores: energia, processos industriais, agropecuária, mudança de uso da terra e florestas, e tratamento de resíduos.


 
Segundo o relatório, a queda foi impulsionada pela redução do desmatamento em florestas (-76,1%), principalmente na Amazônia. Em contrapartida, houve alta das emissões dos setores de energia (+21,4%), processos industriais (5,3%), agropecuária (5,2%) e resíduos sólidos (16,4%).


 
O inventário mostrou ainda uma modificação no ranking dos setores que mais emitem gases-estufa no Brasil. Em 2005, quando foi elaborado o primeiro inventário nacional, o setor de florestas era responsável por 57% das emissões nacionais. Desde 2010, desmatamentos, queimadas e alterações no uso da terra são responsáveis por 22%.




Fonte: Do G1

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