Divulgada ontem pelo Ministério da Justiça, a Pesquisa Nacional de Vitimização aponta que três em cada dez mato-grossenses já sofreram algum tipo de violência ou ofensa no decorrer da vida. O dado é resultado de um questionário aplicado em 346 municípios brasileiros que possuem mais de 15 mil habitantes.
Cuiabá aparece em 8º lugar no ranking das capitais com taxa de vitimização de 26,6% da população que sofreu algum tipo de crime nos últimos 12 meses. Já durante a vida, a pesquisa aponta 32,4% da população cuiabana.
De acordo com a pesquisa, os crimes e ofensas contempladas no estudo correspondem a furto e roubo de automóveis, de motocicletas, furto e roubo de objetos ou bens, sequestro, fraudes, acidente de trânsito, agressões, ofensas sexuais e discriminação.
Em âmbito estadual, o ranking aponta que 23% dos mato-grossenses sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses.
Em nível nacional, a pesquisa revela que 38,3% das ocorrências aconteceram dentro da casa do entrevistado, 33,3% nas proximidades da rua onde reside, 14,9% em seu bairro e 11,1% na garagem da residência.
A empresária cuiabana Lúcia Dias, 55 anos, já foi assaltado quatro vezes durante sua vida toda. Ela é moradora do bairro Santa Rosa, em Cuiabá, e sua casa já foi assaltada duas vezes. Em outras duas ocasiões, foi furtada enquanto andava pelo centro da cidade.
Na primeira vez, ela conta que pularam o muro e levaram algumas roupas e objetos que estavam no quintal. A segunda foi mais assustadora. Dois homens abordaram seu filho, de 24 anos, quando ele entrava na garagem e assim conseguiram ter acesso ao interior da residência.
Na casa estavam a empresária, o marido e sua mãe. Todos foram presos no banheiro durante a ação, que resultou na perda de eletroeletrônicos, joias e uma pequena quantidade de dinheiro.
A pesquisa mostra também que apenas 29,1% das vítimas em Mato Grosso deram queixa à polícia, como Lúcia fez. Segundo ela, registrar é uma forma de não se conformar com a situação. Dos que prestaram queixa, 47,5% ficaram satisfeitos com a atuação da polícia.
De acordo com os entrevistados, 70% acreditam que a criminalidade aumentou na Grande Cuiabá, e 30% acreditam que o mesmo está acontecendo na vizinhança.
Lúcia concorda, e lembra que hoje, em sua residência, câmeras de segurança, alarme e cerca elétrica foram instalados para inibir ações dos assaltantes.
"Não dá para ficar refém do medo. E por isso a gente se blinda como pode, na esperança de que nada aconteça novamente", finaliza.