As empresas de ônibus e o sindicato dos motoristas contestam informações da planilha de custos que reduziu o valor da tarifa do transporte público na Capital. As duas entidades afirmam que o número da frota, o preço do diesel e o salário dos funcionários usados no estudo estão “completamente” fora da realidade.
Na última terça-feira (17) o prefeito Mauro Mendes assinou o decreto reduzindo o valor da tarifa de R$ 2,85 para R$ 2,60. O decreto saiu após a planilha de custos ser revista pelo Conselho Municipal de Transportes e pela Comissão da Auditoria Técnica da Tarifa do Transporte Coletivo, criada pelo Ministério Público Estadual (MPE). A medida começou a valer a partir de hoje.
De acordo com o empresário e presidente da Associação Mato-grossense dos Transportes Urbanos (MTU), Ricardo Caixeta, as informações contidas de maneira equivocada na planilha influenciaram demais no cálculo e abaixaram o valor final. Ele afirmou que as empresas acataram a ordem da prefeitura, e ainda estão estudando o que fazer para reverter a queda.
Segundo ele, o número da frota veicular que consta na planilha não condiz com a realidade da Capital. “No documento, o número total da frota é de 380 carros, destes 344 seriam os carros que estariam rodando. Porém, o número real da frota é de 410 veículos, sendo que 390 estão ativos, quase 50 a mais do que foi apresentado”.
Caixeta enfatizou que a MTU tem uma ordem de serviço emitida pela prefeitura para 390 veículos. “Não estamos tirando este número do nada. Agora, com o transporte público congestionado do jeito que está, imagina com menos 50 ônibus. Quem vai sofrer mais é a população”.
Conforme o presidente, o valor do diesel também está errado. Ele afirmou que a média dos dois tipos de diesel usados pela frota é de R$ 2,41 ao invés dos R$ 2,27 informados pela planilha. “Para ser honesto, ainda não sei como vamos fazer para paga o diesel”.
Outro ponto de incoerência apontado pelo presidente foi o salário dos motoristas. Ele disse que a categoria recebe R$ 1,9 mil - sendo que R$ 1.680 são referentes ao salário e R$ 220 a comissão - e não os 1,8 mil mencionados pela planilha.
De acordo com o presidente Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Transportes Terrestres (Stett), Ledevino da Conceição, os equívocos da planilha podem influenciar diretamente na situação dos funcionários. “Se eles realmente cortarem estes 50 ônibus, são pelo menos 100 funcionários atingidos, já que cada veículo conta com dois funcionários”.
Ledevino afirmou que a categoria tem acompanhado a polêmica de perto e caso demissões ocorram promete paralisar as atividades. “Se isto concretizar, não teremos alternativa a não ser convocar uma greve geral”.
Segundo o procurador Ezequiel Borges, os argumentos dos empresários são frágeis e já foram refutados pelos técnicos, pelo CMT e pela Prefeitura.