A falta de água em Cuiabá, que afetou 242 mil moradores, tem tirado do sério comerciantes e a população em geral. O problema se agravou principalmente para os moradores de 80 bairros, devido ao vazamento, no domingo à noite (24), na Estação de Tratamento de Água (ETA) São Sebastião e Presidente Marques.
Wesley Alessandro, que mora no bairro Araés, está desde segunda-feira sem água. Ele mora com mais seis pessoas.
Ele relata que as principais dificuldades enfrentadas é a falta de banho e de água para fazer comida.
Sem água não tem condições. É o mínimo para uma pessoa sobreviver. Você pode até ficar sem luz, mas sem água você não aguenta
O morador afirma que tem comprado cinco marmitas por dia, e que tem gastado uma média de R$ 40 com as refeições.
“O problema é geral em todo bairro Araés. Na escola da região também está sem água, e as crianças do maternal não estão assistindo aula”, afirma Wesley.
Já a professora de música Marília, que mora no bairro Flamboyant, disse que já não aguenta mais carregar baldes de água para tomar banho. “Eu tenho problema de saúde e não posso ficar carregando muito peso”.
Ela relata que a escola onde leciona, esta há três dias sem águas e os alunos foram dispensados.
“A água está chegando à conta gotas e estou praticamente sem roupas limpas para vestir. Também tenho comida na casa da minha da minha mãe, para evitar sujar a casa”, relata.
Marília atribui o problema, principalmente a falta de planejamento por parte do poder público. “É um absurdo essa falta de água, de investimentos em um recurso que é essencial à população”, desabafa.
Quem está de malas prontas é o artista Ivam Belém, que mora no bairro Lixeira.
Ele conta que o problema de abastecimento o fez tomar uma medida drástica: sair de Cuiabá e seguir para o município de Santo Antônio de Leverger, até que a situação se normalize.
“Tenho uma casa em Santo Antônio e é pra lá que eu vou. Sem água não tem condições. É o mínimo para uma pessoa sobreviver. Você pode até ficar sem luz, mas sem água você não aguenta. Eu mesmo já estou desesperado”, disse o ator.
Quem também reclamada da situação é o internauta Daniel Lima, morador da região da Barra do Pari. Ele relata que os moradores estão desde segunda-feira sem água.
“Estamos comprando água de caminhões particulares, que provavelmente é água direto do rio Cuiabá”, afirma.
Segundo ele, a Cab poderia pelo menos disponibilizar hidrante de água tratada aos caminhões pipas, e que as empresas deveriam ter frota suficiente para abastecer os bairros.
Comércio
O comercio também tem sofrido com a seca.
Prova disso é que o estabelecimento Da Feira – Café e Tapiocaria, não abriu as portas na quarta-feira (27), por falta de água.
A tapiocaria, que fica na rua 24 de outubro, no bairro Goiabeiras, divulgou uma nota nas redes sociais explicando a situação.
“Amigas e amigos, hoje a notícia não é boa! Não é novidade a falta de água que a nossa região está sofrendo. Hoje nem as empresas que fornecem caminhão pipa atendem mais o
telefone. Então fomos forçados a não abrir as portas. Uma pena. Contamos com sua compreensão!”, informa o comunicado que foi divulgado ontem pelo Facebook.
O tradicional Choppão, localizado na avenida Getúlio Vargas, também tem sofrido com a falta de água.
Falta de abastecimento obriga comércio a fechar às portas A gerente do setor financeiro do restaurante, Eva Vilma, afirma que tem “gastado uma fortuna” de caminhão pipa para manter o restaurante funcionando.
“Tenho que abastecer o restaurante todos os dias. Por dia pagamos uma média de R$ 150 pelo fornecimento. Mas dependendo da ocasião esse valor pode chegar até R$ 300. No final das contas, nós gastamos, em média, R$ 2 mil por mês de caminhão pipa”, garante.
Vilma também acrescentou que antes da falta de água ser anunciada, já existia o problema de abastecimento na região.
“Não só o Choppão, mas também o hotel aqui de frente, assim com outros estabelecimentos da região reclamam constantemente da falta de água, e não é de hoje que existe esse problema”, criticou.
A Cab, por meio da assessoria de imprensa, informou que o abastecimento de água dos 80 bairros começa a ser normalizado a partir desta segunda-feira (28), de forma gradativa.
O reabastecimento só deve ficar 100% durante este final semana (prazo de 72 horas), quando o sistema da ETA contará com a sua carga total.
Vazamento na ETA
Na semana passada, entre os dias 22 e 25 de novembro, a Cab provocou o desabastecimento de água de 122 bairros; 242 mil moradores da Capital ficaram com as torneiras seca.
O abastecimento deveria ser normalizado no último final de semana. Entretanto, um vazamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) São Sebastião e Presidente Marques, manteve 80 dos 122 bairros com problemas no abastecimento.
De acordo com a Cab, o problema foi detectado após a entrada em funcionamento das estações de tratamento de água que necessitaram ser esvaziadas, na semana passada, para que a concessionária executasse a interligação das tubulações na obra da Secopa, na Trincheira do bairro Santa Rosa, na Avenida Miguel Sutil.
Cab realiza obras em ETA para normalizar o abastecimento Uma das possíveis causas do problema é que, ao ser religada a ETA, a pressão teria causado fissura no encanamento.
Os bairros abastecidos pela ETA São Sebastião são: Araés, Areão, Bandeirantes, Barbado, Barra do Pari, Baú, Bela Vista, Bosque da Saúde, Campo Velho, Campo Verde, Canjica, Carumbé, Centro América, Centro Norte, Centro Político Administrativo, Cidade Alta, Condomínio Residencial Canachuê, Condomínio Residencial Dunas do Areão, Condomínio Residencial Villas Boas, Condomínio Residencial Morada da Serra, Condomínio Residencial Vila da Serra, Consil, CPA I, CPA II, Dom Aquino, Dom Bosco, Duque de Caxias, Goiabeiras, Jardim Aclimação, Jardim Alvorada, Jardim Araçá, Jardim das Américas, Jardim Cuiabá, Jardim Guanabara, Jardim Califórnia, Jardim Independência, Jardim Kennedy, Jardim Leblon, Jardim Luciana, Jardim Mariana, Jardim Paraíso, Jardim Paulista, Jardim Primavera, Jardim Renascer, Jardim Santa Amália, Jardim Santa Marta, Jardim Tropical, Lixeira, Miguel Sutil, Morada do Ouro, Morada do Sol, Novo Paraíso, Oito de Abril, Ouro Fino, Parque Mãe Bonifácia, Pedregal, Pico do Amor, Poção Popular, Praeiro, Quilombo, Res. Carvalho, Res. Castelo Branco, Res. São Carlos, Res. Villa do Sol, Ribeirão da Ponte, Rodoviária Parque, Santa Angelita, Santa Helena, Santa Izabel, Santa Rosa, Santa Tereza, São João dos Lázaros, São Roque, Terra Nova, Verdão, Vertical, Vila Militar, Vila Real e Village Flamboyant.