A Petrobras anunciou na sexta-feira (29) elevação do preço da gasolina nas refinarias em 4% e do diesel em 8% a partir de 0h de 30 de novembro, segundo fato relevante. O Conselho da estatal aprovou a implementação de uma política de preços, mas "por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia".
De acordo com comunicado, a nova política de preços pretende assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no plano de negócios em até 24 meses, além de alcançar a convergência dos preços no Brasil com as referências internacionais. Mesmo assim, a estatal afirma que a política não deve "repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico".
O último reajuste da gasolina ocorreu no dia 30 de janeiro, um aumento de 6,6%. Já o diesel subiu 5,4% e mais 5% no dia 6 de março. Hoje o ministro da Fazenda Guido Mantega, que preside o Conselho de Administração da Petrobras, esteve na sede da empresa, em São Paulo, reunido com o conselho, que definiu o valor do reajuste. O valor do reajuste, segundo a empresa, não inclui os tributos federais (PIS/Cofins e a Cide) e estaduais (ICMS).
Reajustes automáticos
Tanto um reajuste pontual dos combustíveis quanto uma nova metodologia de precificação da gasolina e do diesel eram aguardados com ansiedade pelo mercado, porque podem dar fôlego financeiro à empresa, que sofre com um caixa apertado e alto endividamento. No entanto, o comunicado da petroleira não sinalizou claramente como funciona a nova política de preços.
Uma fonte com conhecimento do tema disse, sob condição de anonimato, que a Petrobras não fará reajustes imediatamente após o preço do petróleo subir ou recuar no exterior, mas deverá aguardar por algum período para então repassar a variação ao mercado doméstico. O lucro da Petrobras no terceiro trimestre veio bem abaixo da previsão de analistas, com queda de 39% em relação ao mesmo período do ano passado, com impacto principalmente da importação elevada de derivados por um preço acima do praticado no Brasil.
Efeito na bomba
A Petrobras não divulgou uma expectativa de qual será o impacto do reajuste nos postos de combustíveis. A economista Basilik Litvac, da MCM Consultores, calcula um aumento da gasolina de 2,8% a 3% e do diesel de 6% na bomba. Na inflação oficial, o impacto total da alta dos combustíveis deve ser de 0,12 ponto percentual no IPCA de dezembro. As projeções da economista estão alinhadas com as de um representante do setor de petróleo, que disse à Reuters que o reajuste da gasolina terá impacto de 3% ao consumidor, enquanto o do diesel deverá variar de 6% a 7% na bomba.