O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu as políticas sociais como eixo estratégico do desenvolvimento econômico e convidou os jovens descontentes a criar seus próprios partidos para participarem da democracia representativa. Mercadante, que participou nesta sexta-feira da Tribuna EFE-Casa da América, repassou a situação econômica, política e social no Brasil nos últimos dez anos de governo e destacou como conquista a redução das desigualdades.
"Não pretendemos que o Brasil seja um modelo", "cada país tem que fazer sua própria história, mas queremos compartilhar nossa experiência", disse.
Mercadante reconheceu que há novas exigências e desafios sobretudo em saúde, educação e transporte e se referiu às manifestações de junho, protagonizadas sobretudo por jovens, às quais se uniram grupos da direita política.
O ministro reconheceu que as novas tecnologias facilitam novos instrumentos de participação social e assinalou como um desafio dos governantes "criar novos canais de comunicação". No entanto, Mercadante afirmou que "a internet não substitui a democracia". "É preciso combinar a luta política com a participação", disse.
Mercadante acrescentou que "a nova geração tem que saber que é preciso se organizar se deseja mudanças" e que "a democracia representativa teria que conviver com a ação direta e participativa".
Apesar dos protestos sociais, considerou que a presidente Dilma Rousseff conserva sua liderança e boas perspectivas para as eleições de 2014 e destacou que conta com 43% dos apoios nas últimas enquetes.
Histórico dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), ao ser perguntado pelo mensalão, o ministro reconheceu que há "um problema sistêmico" de como são financiadas as campanhas e propôs "uma reforma política profunda" para "enfrentar o problema desde a raiz".
Mercadante, que foi coordenador das campanhas presidenciais do ex-presidente Lula em 1989, 1998 e 2002, reconheceu que "nunca deixará a política". Como ministro da Educação desde 2012, Mercadante reconheceu que apesar do esforço do Estado nesta matéria, são necessários mais recursos, por isso que o governo aprovou destinar 75% das entradas do petróleo a esse setor.
"Temos potencialidade econômica por recursos, mas temos que disputar os setores de mais valor agregado", disse, em referência à educação, ciência e tecnologia e inovação e lembrou que o último relatório Pisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reconhecia o Brasil como o terceiro país que mais evoluiu.
Mercadante defendeu a política de inclusão na educação porque cria "justiça social e possibilidades de gerar recursos" e assinalou como exemplo, a lei de cotas sociais e raciais nas universidades, em vigor desde 2012, pela qual metade das vagas são para alunos procedentes das escolas públicas, assim como negros e índios.
O ministro reconheceu que desde que seu partido chegou ao poder, tem "um compromisso inegociável com a estabilidade econômica e monetária". Como instrumentos de política social, Mercadante apontou as bolsas de estudos de família, para manter os filhos dos menos favorecidos nas escolas e integrados em programas de saúde pública, o crescimento do salário mínimo e uma política de emprego, que segundo o ministro, criou 20 milhões de novos postos de trabalho e situou o desemprego em 5,2%.
Quanto às medidas para aumentar a competitividade, Mercadante se referiu à redução de impostos, à redução do custo da energia e acordos com o setor privado para investimentos em infraestruturas e logística.