A Polícia Civil do Distrito Federal realizou na manhã desta quarta-feira (18) uma operação contra um grupo criminoso suspeito de desviar R$ 50 milhões de correntistas de diversos bancos. Quatro homens e três mulheres foram presos.
Segundo o delegado Jefferson Lisboa, chefe da Coordenação de Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraude (Corf), o grupo descobria de maneira ilícita os dados pessoais e as senhas dos clientes e transferia o dinheiro para a conta de laranjas.
Uma das formas de obter dados dos correntistas, segundo o delegado, era por meio de sites falsos de grandes instituições bancárias, onde os clientes inseriam suas informações.
"Eles criavam uma página falsa, era perfeita. A pessoa entrava acreditando que estava entrando na página do banco", disse. "Baseado nisso, conseguiam captar, num sistema chamado de "phishing", numero de usuário, conta corrente e senha do cliente. Assim, conseguiam transferir valores e fazer empréstimos com valores altos. Depois, transferiam para a conta de laranjas e gastavam todo o dinheiro."
Lisboa afirma que funcionários de bancos e de companhias telefônicas também estavam envolvidos na organização criminosa. De acordo com ele, foi encontrado na casa de um dos suspeitos um documento com cerca de 950 números de contas e senhas.
"Um dos e-mails que conseguimos verificar tinha mais de 300 contas, com números das contas e senhas, que teriam como origem um funcionário [de banco]", disse.
As fraudes também envolviam o bloqueio de celulares.
"Muitos clientes de banco recebem um número através de um token", disse Lisboa. "Os criminosos conseguiam bloquear o celular para o cliente não receber [o código] e mandavam para outro número cadastrado. Ou seja, o funcionário da operadora bloqueia o celular do cliente e, de dentro dos bancos, faziam o cadastro de outro telefone."
Os criminosos também pagavam impostos, multas e faziam financiamentos habitacionais nos nomes dos correntistas. "Se alguém tinha R$ 10 mil de multa, eles entravam na conta de um correntista qualquer, quitavam multas e cobravam R$ 5 mil, por exemplo", disse o delegado.
Os clientes que se beneficiaram do esquema também podem ser processados por furto qualificado, afirmou Lisboa. De acordo com o delegado, laranjas que cediam as contas bancárias para depósitos de recursos desviados recebiam comissões de 15% a 20%.
O grupo vai responder pelos crimes de furto qualificado e pela formação de organização criminosa e podem pegar até 16 anos de prisão. Em setembro, o líder da quadrilha foi preso e, segundo Lisboa, as ocorrências por fraude foram reduzidas em 50%.
Luxo
De acordo com o delegado da Corf, os membros do grupo eram de origem humilde e passaram a ostentar riqueza subitamente. "Carros importados, caríssimos, jóias, mulheres", descreveu o delegado. "Eles estavam gastando dinheiro de forma descontrolada, exteriorizando riqueza."
Para comprar um relógio, um dos suspeitos utilizou a conta de vários correntistas, contou Lisboa. "O dinheiro desviado era usado para adquirir produtos de luxos, como um relógio de R$ 30 mil, que foi pago de maneira parcelada, com origem em várias contas", disse.
Lisboa afirmou ainda que os bancos ressarciram os clientes lesados, mas disse que é difícil afirmar quantas pessoas foram vítimas do esquema.