O algodão como opção de segunda safra deve ser a grande aposta dos produtores à safrinha do ciclo 2013/14 em função da baixa rentabilidade do milho. O corretor de mercado futuro de commodities na Granopar (PR), Miguel Biegai Júnior, esteve ontem em Cuiabá e um prognóstico animador para os preços da pluma no curto e médio prazos.
"No âmbito doméstico, a escassez de oferta manterá o mercado próximo à paridade de importação", comentou, depois de apresentar dados que confirmam a tendência de que continue mais caro para a indústria têxtil importar a pluma de outros países do que comprá-la do produtor brasileiro. E o bom momento já foi observado no Estado, maior produtor nacional da fibra. Depois de cultivas a menor área desde a safra 2009/10, o novo ciclo, cujo plantio tem início a partir de dezembro, em Mato Grosso, deve recuperar boa parte da área que perdeu espaço ano passado para o milho. Nessa inversão das commodities, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), projeta para a nova cotonicultura área de 581,07 mil hectares, 28,5% acima do que a anterior e uma produção de 834,90 toneladas de pluma, o que se confirmado gerará um ganho anual de 21,5%.
O palestrante ressaltou que, mesmo com a redução da oferta de pluma em nível mundial, o abastecimento segue com sobreoferta, "o que é um empecilho para elevações mais consistentes das cotações". Ele lembrou ainda a incógnita representada pelo comportamento da China - maior produtor e importador de pluma do mundo - em relação aos seus estoques de algodão. Acrescentou também que o algodão é a commodity mais sensível às variações na renda da população, já que os itens de vestuário são os primeiros a serem cortados em situações de crise. Por isso, apesar de o mercado de algodão estar relativamente estabilizado hoje, ele recomenda aos produtores que se mantenham muito bem informados e procurem mecanismos de proteção para enfrentar eventuais mudanças de humores no cenário mundial, que acabam respingando no mercado doméstico. “Buscar informação de qualidade e recorrer às ferramentas do mercado futuro para proteger os preços de seu produto foram as duas principais recomendações do consultor”.
O palestrante explicou como acontece a formação de preços do algodão no mercado internacional e doméstico, mostrando a forte correlação que existe entre as cotações da pluma na Bolsa de Nova York (NYCE), nos Estados Unidos, e as do mercado doméstico.
O diretor executivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins, que atuou como moderador da palestra, reafirmou a importância da definição de um novo preço mínimo para o algodão. O atual preço mínimo, que não é corrigido há mais de 10 anos, apresenta uma defasagem de aproximadamente 50% em relação aos custos de produção da lavoura levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O preço mínimo atual é R$ 44,60 a arroba, enquanto o custo variável de produção para a safra 2012/13, de acordo com levantamento da Conab, esteve acima de R$ 56/@, na média nacional.
Ele também apresentou os números de produção em Mato. Depois de sofrer um recuo de 37% na safra 2012/13 em relação à safra 2011/12, a produção deverá crescer (cerca de 28%) na safra 2013/14, que terá início no próximo dia 1º, principalmente na área de segunda safra em sucessão ao plantio de soja. O algodão retoma o comportamento de ser maior como cultura de verão, de que opção de segunda safra como ocorreu no último ano quando sofreu forte concorrência dos bons preços internacionais da soja e do milho.
"Considerando a demanda doméstica e as exportações, deverá faltar algodão em 2014 e a paridade de importação deverá continuar", acredita o executivo. (Com assessoria)