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Quinta - 28 de Novembro de 2013 às 02:28
Por: KAMILA ARRUDA

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No Superior Tribunal de Justiça (STJ), inquérito ficará aos cuidados do ministro Arnaldo Esteves
No Superior Tribunal de Justiça (STJ), inquérito ficará aos cuidados do ministro Arnaldo Esteves
Foi remetida ao Superior Tribunal de Justiça (STF) parte do inquérito que culminou na operação Ararath. O processo já foi distribuído e está sob os cuidados do ministro Arnaldo Esteves. 

A medida, adotada na última segunda-feira (25), pode significar o envolvimento de integrantes dos poderes Executivo ou Legislativo, bem como do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que possuem foro privilegiado. 

Inicialmente, a operação mirava uma quadrilha que teria lavado cerca de R$ 500 milhões numa fraude contra o sistema financeiro nacional. No entanto, após apreensão de documentos e realização de gravações telefônicas, as investigações caminharam para outros focos, como a suposta comercialização de sentenças. 

Na segunda-feira a Polícia Federal cumpriu 11 mandatos de busca e apreensão, referente à segunda parte da operação. Entre os alvos estava o juiz federal Julier Sebastião da Silva e o presidente do Departamento de Trânsito (Detran), Giancarlo Castrillon. 

Nesta quarta-feira, a operação teve mais desdobramentos. Outros dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos, desta vez, na residência e no escritório do bacharel em direito Tiago Vieira de Souza Dorileo, neto do desembargador Ernani Vieira de Souza (já falecido). 

Tiago é apontado pelas investigações como “lobista de sentenças” e seria o elo entre Julier e a operação. Ele teria firmado um suposto acordo com o juiz para beneficiar a construtora Encomind em um mandado de segurança impetrado contra a Receita Federal, que cobrava uma dívida da empresa. 

A ligação entre eles foi descoberta por meio de interceptações telefônicas autorizadas pelo desembargador do Tribunal Regional Federal, Luciano Tolentino Amaral. 

As gravações revelam ainda que Julier mantém relação de amizade com o empresário Rodolfo Aurélio Borges de Campos, ex-diretor da Encomind Engenharia, Comércio e Indústria Ltda. 

O Diário teve acesso ao teor das conversas. Além de Julier, Rodolfo e Tiago, o empresário do ramo imobiliário Mário Mansur aparece em trechos do diálogo. 

Conforme as interceptações, Tiago teria atuado como intermediador para a concessão da decisão que beneficia a empreiteira. 

Esta não é a primeira vez que ele figura em operação da PF. Em 2010, foi acusado de participação em um esquema de comercialização de sentenças que atingiu o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, descoberto por meio da operação Asafe. 

Conforme o delegado Dênis Cali, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, foram apreendidos com o bacharel vários malotes com documentos e mídias eletrônicas como celulares e HDs. “A partir da análise destes documentos que foram apreendidos é que poderemos traçar os rumos da investigação”, diz. 

O delegado adianta que esta análise pode levar a mais desdobramentos como a expedição de novos mandados de busca e apreensão contra outros possíveis envolvidos. 

“A partir da análise desses documentos apreendidos é que vamos poder evoluir a investigação policial. Agora vamos analisar os documentos e as provas que foram obtidas cuidadosamente, para relatar o procedimento e encaminhar ao Tribunal Regional, onde será dado vista ao Ministério Público Federal”, explica. 

A operação Ararath foi deflagrada no início deste mês e, por conta dos desdobramentos inesperados, foi dividida em duas partes. A primeira se concretizou no dia 12 de novembro, com 11 mandados de busca e apreensão. 

Já a segunda teve início nesta segunda-feira (25), com outros 11 mandados, incluindo os cumpridos ontem na casa e no escritório de Tiago Dorileo e os do dia anterior, contra Julier e Castrillon. 

Na ocasião, a polícia apreendeu R$ 230 mil em espécie, documentos, comprovantes de depósito, celulares e mídias. Um investigado chegou a ser preso em flagrante por porte ilegal de munição, mas pagou fiança e foi liberado. Seu nome não foi divulgado porque a investigação segue sob segredo de Justiça. 

De acordo com o delegado, todos os mandados deveriam ter sido cumpridos na segunda-feira (25). “Na verdade, os dois mandados foram expedidos só agora em razão de pendência de confirmação de endereço. A intenção era, realmente, cumprir todos de forma simultânea, mas o mandado só chegou na terça à noite”, explicou. 





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