Rondonópolis completou 60 anos de emancipação política e se tornou ao longo dessas seis décadas a segunda maior economia de Mato Grosso e o terceiro município em número de habitantes do Estado.
A data celebrada no dia 10 de dezembro será comemorada pelo município durante todo mês com eventos culturais.
Mais do que pelo poderio econômico, o município se destaca ainda pela força política. De lá foram forjadas as candidaturas de políticos como senador Blairo Maggi (PR), deputados federais Carlos Bezerra (PMDB), Wellington Fagundes (PR), além do berço político dos deputados estaduais Ondanir Bortolini, o “Nininho” (PR), Hermínio J. Barreto (PR), Sebastião Rezende (PR), Gilmar Fabris (PSD) e Teté Bezerra (PMDB). "A cidade passou a ser um polo industrial e associado a isso teve um governador (Bezerra) e um vice-governador (Rogério Salles) que souberam levar investimentos para a cidade"
Na avaliação do historiador e analista político, Alfredo da Mota Menezes, Rondonópolis cresceu e hoje tem uma população com cerca de 200 mil habitantes por uma sucessão de fatores.
O primeiro pela localização geográfica. “É a saída para a região Sul e Sudeste do país, é a porta de entrada para quem vem de fora. É um entroncamento, o que acabou contribuindo para o desenvolvimento do município”.
Além da posição geográfica, Rondonópolis aproveitou que tinha em seu ‘quintal’, a produção de soja e algodão dos municípios vizinhos, e passou a se industrializar, com grandes grupos empresariais como a Amaggi.
“A cidade passou a ser um pólo industrial e associado a isso teve um governador (Bezerra) e um vice-governador (Rogério Salles) que souberam levar investimentos para a cidade”, analisou Alfredo da Mota Menezes.
Além dos acima citados, a cidade também ajudou a eleger Blairo Maggi em 2002, até então um desconhecido para maioria dos cuiabanos.
A Região Sul com 17 municípios e tendo Rondonópolis como polo representa cerca de 30% do eleitorado mato-grossense, mas, na avaliação de Alfredo Menezes, apenas Rondonópolis é beneficiada com essa concentração de políticos com base no município.
“Poxoréo também teve essa representatividade e Barra do Garças também já deu vice-governador e deputados, hoje só tem o Daltinho, que é suplente. Mas não acho que esse monopólio político seja bom para as outras cidades”, explicou o historiador.
Ele analisa que o caminho da terceira maior cidade do Estado é se agigantar ainda mais com a Ferronorte, ao associar a produção, as fábricas e o escoamento pelos trilhos.
Menezes vislumbra a cidade como o centro agropecuário de Mato Grosso, e uma espécie de capital da agroindústria, competindo com a capital em relação ao segmento de serviços.
Formação de políticos
O deputado federal Wellington Fagundes (PR) reconhece que fazer política em Rondonópolis exige uma certa perspicácia. “A população é muito crítica, politizada, cobra muito. Você tem que ter uma presença muito grande e não dá para acomodar. O eleitor sabe dar o recado dele e aqui não tem essa de quem manda na cidade. Se a população decide que quer renovar, ela renova”, ele diz se referindo as últimas eleições.
Em 2008, a população elegeu Zé do Pátio (Solidariedade) como prefeito numa campanha que tinha o então prefeito Adilton Sachetti como adversário. Na cidade, a disputa foi tratada como uma briga entre Davi e Golias, personagens bíblicos.
Por razões empresariais, pessoais ou políticas, Blairo Maggi tirou a sede do grupo Amaggi e transferiu para Cuiabá em 2009. A população entendeu como retaliação e na campanha para o Senado perdeu no seu próprio município para Pedro Taques, que estreou na política em 2010.
Na eleição de 2012, Ananias Filho (PR) perdeu as eleições com o comando do município devido à cassação de Zé do Pátio e perdeu para Percival Muniz (PPS).
“Há uma coisa em Rondonópolis interessante. É a consciência política, uma maturidade e há uma convergência da classe política local mesmo em partidos diferentes. O prefeito Percival Muniz está no momento certo dessa transformação política, dessa consciência do desenvolvimento do município acima dos interesses partidários”, avaliou o deputado
