A agressão sofrida pela profissional do sexo e presidente da Associação das Travestis de Mato Grosso, Lilith Prado, 35, na madrugada deste sábado (23) é classificada pelos ativistas das causas gay e também pela Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) como um crime motivado por intolerância e homofobia e não um simples assalto. Por este motivo, o secretário-adjunto de Direitos Humanos do Estado, Valdemir Pascoal ressalta tomará providências já nesta segunda-feira (25).
Ele informou ao Gazeta Digital que vai cobrar agilidade para a identificação e prisão dos 2 homens e 2 mulheres que participaram do festival de agressões gratuitas contra a travesti. Valdemir vai juntar o boletim de ocorrência com os relatos da vítima, e a placa do veículo, um Fiat Stilo de cor preta, que foi anotada e encaminhará cópias ao Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Justiça de Mato Grosso e à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
“Também vou acionar a Secretaria Nacional Direitos Humanos e o Serviço de Inteligência das forças policiais de Mato Grosso para descobrir a identidade e endereço desses criminosos e prendê-los o quanto antes. Não acredito que foi um assalto, mas sim um ato de covardia, de vandalismo praticado por pessoas homofóbicas”, pontua o secretário-adjunto da Sejudh.
Secretário-adjunto Valdemir Pascoal vai tomar providências para punir os agressores; nesta foto ele recebeu o troféu de Direitos Humanos LGBT 2013 pelos trabalhos realizados Lilith trabalhava na região do Zero Quilômetro e estava sentada aguardando o táxi em uma rua na frente de um motel para ir embora após a noite de trabalho. Foi quando 2 casais desceram de um veículo Stilo preto e se aproximaram da vítima. Uma das 2 mulheres que já carregava uma barra de ferro na mão foi a primeira a aproximar da travesti desferiu o primeiro golpe com o artefato derrubando a vítima.
Em seguida, os homens também desceram do carro e iniciaram a sessão de espancamento. Ela narrou no boletim de ocorrência que apanhou muito, principalmente na cabeça. Seu rosto ficou bastante machucado e inchado. O crime foi praticado justamente no dia da 11ª Parada da Diversidade Sexual de Mato Grosso que foi às ruas pedir mais respeitos aos homossexuais e menos preconceito e homofobia que resultam em agressões e mortes diárias de homossexuais no Brasil inteiro.
Lilith passou o dia realizando exames de corpo de delito para confirmar as agressões, recebeu atendimento médico e registrou a ocorrência, por isso nem pôde participar do evento. O secretário-adjunto de Direitos Humanos, Valdemir Pascoal explica que após essa primeira etapa para identificar os agressores, a Sejudh tomará ainda outras medidas cabíveis. “Vamos criar uma ação de conscientização para mostrar que travestis, gays, lésbicas também são seres humanos e não podem ficar sofrendo agressões a troco de nada”, justifica.
Clóvis Arantes, representante em Mato Grosso, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ALGBT) não deixou a agressão passar despercebida e relatou o fato, por diversas vezes, durante a Parada da Diversidade. Cobrou providências das autoridades policiais e afirmou tratar-se de um crime motivado por homofobia. Até porque os 4 agressores já desceram do carro espancando a travesti sem dar qualquer chance para ela fugir ou se defender. Somente depois, ao fugirem é levaram a peruca dela, que tem um valor considerável por ser confeccionada com cabelo humano.
Esse tipo de agressão às travestis tem ocorrido com frequência naquela, principalmente nos últimos 2 meses. Cerca de 20 travestis foram vítimas de ataques semelhantes. Lilith também já foi agredida, de forma semelhante, no dia 10 de julho de 2010 quando 2 rapazes que estavam numa saveiro prata praticaram as agressões por volta das 8h da manhã. Um dos rapazes ficou ao volante enquanto o outro desceu e partiu para cima dela com chutes no rosto e uma série de socos e golpes, que arrancaram sangue da vítima.
Os idealizadores da Parada da Diversidade Sexual classificaram a agressão contra Lilith como reflexo da falta de políticas públicas voltadas para os homossexuais e da insegurança na região do Zero Quilômetro, local de trabalho de travestis e garotas de programas.