O anúncio de que o juiz federal Julier Sebastião da Silva estaria disposto a não retornar à magistratura depois de suas férias, que devem ter início em dezembro, reacendeu a disputa partidária pela sua filiação. Desta vez, brigam por ele o PT e o PCdoB.
O segundo se apresenta como uma opção melhor à eventual candidatura do juiz ao governo do Estado por não ter caciques políticos. Segundo o presidente regional da legenda, Aislan Galvão, o partido vem mantendo conversas quase que semanalmente com Julier.
Ressalta ainda que o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB), também tem procurado estreitar os laços com o juiz sempre que vem a Cuiabá. “O PCdoB é um campo onde ele pode construir sua candidatura, colocando toda a nossa máquina partidária a seu favor”, argumenta.
Conforme Galvão, a candidatura de Julier seria uma prioridade para a direção nacional da agremiação, já que não há muitos candidatos ao governo pelo restante do país.
Para o analista político Louremberg Alves, no entanto, a tendência é que Julier vá para o PT ou PMDB, devido a sua inexperiência política. “Ele busca um partido que agrega outras forças. O PCdoB não tem uma grande desenvoltura política. Neste meio é preciso ceder aqui e ali para poder agregar”, avalia.
O presidente do diretório regional do PT, Willian Sampaio, por sua vez, rechaça a tese de que o juiz federal poderia se filiar ao PMDB ou PCdoB.
“Estamos conversando regularmente. Além da condição de presidente do partido, tenho amizade com Julier de muitos anos. Continuamos apostando que ele decidirá se filiar ao PT”, sustenta Sampaio.
O petista, apesar de otimista quanto à escolha do magistrado, afirma que não tem dúvidas de que Julier é o melhor nome para unir partidos e para ganhar a eleição, independente do cargo que escolher. “O importante é que ele seja candidato e aliado com o governo Dilma Rousseff”, pondera.
A filiação, tanto ao PCdoB quanto ao PT, pode mesmo ser costurada por meio de uma articulação nacional. Isso porque, na semana passada, Dilma esteve na convenção nacional do PCdoB e a direção da legenda aproveitou a oportunidade para pedir mais espaço no governo, já que acompanha o PT desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme a legislação, o juiz tem até abril do ano que vem para abandonar a toga e escolher um partido se quiser concorrer a algum cargo no próximo pleito