São Paulo, que sediará a abertura da Copa do Mundo de 2014, viveu nesta semana o maior engarrafamento de sua história, um caos que sem solução coloca as autoridades em alerta.
A pouco mais de sete meses para que a bola role na Arena Corinthians, a metrópole voltou a deixar em evidência seu caótico tráfego.
O feriado da Proclamação da República, celebrado no dia 15 de novembro, causou entre o final da tarde de quinta-feira e meio-dia da sexta-feira um recorde de 306 quilômetros de congestionamento na cidade e nas estradas que comunicam a capital com o interior e o litoral do estado.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, encarregada de monitorar as ruas, avenidas e estradas da cidade, a marca anterior registrada em 1º de julho de 2012 foi de 295 quilômetros de congestionamento em um dia de fortes chuvas.
Desta vez não foram os acidentes nem as chuvas que causaram o congestionamento, mas o excesso de veículos que queriam deixar a cidade.
Uma viagem à praia entre o centro de São Paulo e o Guarujá, que fica a 80 quilômetros de distância e normalmente demora entre 50 minutos e uma hora e meia, demorou para muitos turistas entre sete e 12 horas.
A universitária Gabi Frezza, que viajou para o Guarujá para um show em companhia de amigos, relatou à Agência Efe que o intenso calor, de quase 40 graus e a longa espera em uma fila interminável de automóveis, "levaram muitas pessoas ao desespero".
"A estrada se transformou em um imenso banheiro público. As pessoas desciam dos automóveis e o único consolo era o telefone celular para relatar aos parentes e amigos o que estava acontecendo", contou.
O moderno sistema de estradas e túneis das estradas Imigrantes e Anchieta, que ligam São Paulo com o Litoral Paulista registrou um congestionamento do começo ao fim, com filas de quase cem quilômetros.
A situação não somente provocou o mal-estar entre os milhares de turistas que queriam aproveitar o fim de semana prolongado, mas prejudicou o setor exportador, que viu atrasos na entrega das cargas da produção do porto de Santos, o principal do Brasil.
"É uma pena que isto se repita várias vezes e não haja soluções. Se isto acontece em São Paulo, o estado mais rico, não podemos imaginar como é a situação em outros lugares que não contam com as estradas e recursos", disse o arquiteto e especialista em mobilidade urbana Antônio Carlos Cegonha.
Para o especialista, o "pior" da situação "é que não há soluções à vista".
"Não existem projetos de ampliação das linhas do metrô na proporção que a demanda do serviço exige. O que está sendo feito nesse sentido é a implementação de um monotrem, mas sabemos que não são soluções para o problema", acrescentou Antônio, para quem o aumento de corredores exclusivos de ônibus é insuficiente.
Segundo ele, "não basta ter mais espaço para os ônibus para descongestionar a cidade. Por mais vias exclusivas para ônibus que existam, as pessoas não vão deixar seus automóveis se os ônibus são inseguros e não cumprem suas exigências de cobertura, conforto e rapidez esperada".
"Do meu ponto de vista, com mais corredores para ônibus, mas sem melhorar o serviço deles, o tráfico está ficando pior, porque as pessoas continuam com seus automóveis, em igual número, mas com menos espaço de circulação", expressou.
A capital paulista será um ponto de referência para a maioria dos turistas que virão para a Copa, pois além de ser a sede da partida de abertura, São Paulo oferece a maior cobertura de voos internos e internacionais e se transforma quase que em uma escala obrigatória dos visitantes.
"Com melhores condições, São Paulo poderia aproveitar melhor o privilégio de que a maioria dos visitantes durante o Mundial vai passar por aqui, mas seria uma vergonha para a cidade não dar a eles condições de um deslocamento eficaz", concluiu Antônio