Os trabalhadores negros são menos valorizados que os não negros e recebem salários menores, segundo a pesquisa “A inserção dos negros no mercado de trabalho”, divulgada nesta quarta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A maior disparidade de salários verificada pela pesquisa aponta que os negros chegam a receber até 57,3% do valor pago pelo trabalho de não negros.
O levantamento foi feito realizado entre 2011 e 2012 nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. De acordo com os dados, os negros ganham menos que os brancos na indústria, no comércio, no setor de serviços e na construção.
Os negros representam 48,2% dos trabalhadores nas regiões metropolitanas. Mas, mesmo assim, a média de seu salário chega a ser 36,1% menor do que a de não negros. As diferenças salariais recebem pouca influência da região analisada, das horas trabalhadas ou do setor de atividade econômica, o que significa que os negros efetivamente recebem menos do que os brancos.
Segundo o Dieese, em um padrão onde os patamares de ganho são mais baixos, caso da Indústria de Transformação da região de Fortaleza, por exemplo, um trabalhador negro ganha por hora, em média, R$ 4,68, enquanto um não negro recebe R$ 5,66.
Os dados também apontam que as maiores desigualdades por rendimento são verificadas nos setores em que a proporção de não negros supera a de negros. “Isso ocorre, geralmente, em setores em que a estrutura produtiva é mais diversificada e com uso intensivo de capital”, afirmou o Dieese.
A pesquisa aponta também desproporção em relação à formação educacional. Dos negros trabalhadores, 27,3% não haviam concluído o ensino fundamental (que vai do 1º ao 9° ano) e apenas 11,8% conquistaram o diploma de ensino superior, ao passo que entre os não negros em atividade 17,8% não terminaram o ensino fundamental e 23,4% formaram-se em uma faculdade. E, segundo o Dieese, esse cenário se reflete nos ganhos salariais.
Ainda de acordo com o Dieese, um trabalhador negro com nível superior completo recebe na indústria da transformação, em média, R$ 17,39 por hora, enquanto um não negro chega a receber R$ 29,03 por hora. Isso pode ser explicado porque “o avanço escolar beneficia a todos promovendo o aumento dos ganhos do trabalho, mas de maneira mais expressiva para os não negros”.
Com informações da Agência Brasil