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Nacional
Domingo - 10 de Novembro de 2013 às 09:34
Por: Ana Cláudia Barros

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Dez anos após chocar o País ao comandar o sequestro e o assassinato de um casal de namorados, Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, ainda representa uma ameaça à sociedade. Pelo menos é esta a análise da promotora de Justiça do caso, Maria Gabriela Prado Manssur. Na época com 16 anos, ele e alguns comparsas mantiveram as vítimas — Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé, 19 — em cativeiro, na região metropolitana de São Paulo.


 
Em entrevista ao R7, Maria Gabriela explica que solicitou novo exame psiquiátrico de Champinha, diante dos reiterados pedidos de liberdade feitos nos últimos anos pela defesa, que chegou a apresentar um laudo, não oficial, atestando sanidade mental do jovem.


 
— Eu quero uma avaliação feita por médicos especializados, que já tiveram convívio com Champinha, na análise dele, e que respondam às perguntas do Ministério Público, principalmente, a esta: “Se ele for posto em liberdade, o senhor se responsabiliza pela soltura dele e pelo fato de ele não cometer outros crimes, ou se vier a cometer outros crimes, quem vai se responsabilizar?” Eu quero saber, porque a sociedade não pode conviver com essa insegurança. Alguém tem que se responsabilizar, e não vai ser o Ministério Público.


 
O crime aconteceu em novembro de 2003, quando o casal  acampava na zona rural de Embu-Guaçu, a 36 km do centro da capital paulista.  Felipe morreu com um tiro na nuca. Liana foi violentada diversas vezes por alguns dos criminosos antes de ser esfaqueada até a morte por Champinha.


 
Por ser menor de idade na época dos assassinatos, Roberto Cardoso não foi condenado pela Justiça como os demais. A ele, foi aplicada a penalidade máxima prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), que determina, em caso de atos infracionais graves, a internação de no máximo três anos em unidade específica para menores de 18 anos.


 
Após o período de internação, o Ministério Público apresentou uma ação de interdição civil, acolhida pela Justiça. Laudo psiquiátrico apontou que Roberto Cardoso tinha problemas mentais. Por esta razão, ele não foi colocado em liberdade.


 
Nova avaliação


 
Champinha será submetido a nova avaliação psiquiátrica no dia 28. O exame, requisitado pela promotora, acontecerá no Fórum Criminal da Barra Funda e será realizado por um perito do Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo), vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. O profissional terá que responder a sete quesitos elaborados pelo Ministério Público.


 
A promotora, que é coordenadora do Núcleo de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, entende que, se for solto, Champinha poderá praticar outros estupros.


 
— Nós [um conjunto de promotores] entendemos que ele não tem condições de voltar à sociedade. Os fatos foram muito graves. Foram cometidos em série, com violências perpetradas ao longo de dias, de horas, com total descaso com a mulher, com a honra sexual de uma menina [...] Não consigo  admitir que uma pessoa que comete um fato desse conviva com outras mulheres. Ele vai acabar estuprando outras mulheres.


 
Maria Gabriela ressalta que uma possível avaliação positiva por parte da perícia não resultará, necessariamente, em parecer favorável da Promotoria.


 
— Isso tem que ser deixado claro: “Então, se o perito falar que ele pode voltar, o Ministério Público vai dar parecer favorável e o Judiciário vai acompanhar”. Não. Dependendo do que ele responder, vamos analisar. Agora, a postura nossa é sempre contrária. A não ser que alguém me convença muito de que ele não tem nada.

 
 
O R7 tentou contato com a defesa de Champinha. Defensoria Pública do Estado de São Paulo afirmou que não representa mais Champinha desde setembro deste ano, mas não há informações de outros advogados constituídos por ele. O caso corre em segredo de Justiça.




Fonte: Do R7

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