A criação de empregos nos Estados Unidos acelerou inesperadamente em outubro apesar da paralisação temporária do governo, sugerindo que o impasse orçamentário teve impacto mais limitado na economia do que se temia.
Os empregadores abriram 204 mil vagas no mês passado, informou ontem o Departamento de Trabalho. Entretanto, a taxa de desemprego subiu para 7,3%, ante a mínima em quase cinco anos em setembro de 7,2%. O departamento informou que não houve impacto "perceptível" proveniente da paralisação do governo por 16 dias.
O relatório de emprego aumentou a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mudar a política monetária em dezembro. Algumas casas, que antes esperavam mudanças apenas no começo de 2014, revisaram suas apostas. Mas outros economistas, como os do Bank of America Merrill Lynch, UBS, Barclays e RBC Capital Markets, recomendam cautela ao avaliar os números e mantêm a projeção de alterações nas compras de ativos apenas no início do ano que vem.
Se a criação de 204 mil vagas mostra força do mercado de trabalho em outubro, os detalhes por trás dos números recomendam uma avaliação mais cuidadosa, afirma o economista do Bank of America Merrill Lynch, Ethan Harris. O banco, embora reconheça maior chance de o Fed mudar sua política em dezembro, mantém sua aposta de alterações apenas em janeiro.
Para Harris, a forte redução da força de trabalho (o número de pessoas que estão procurando emprego), a alta da taxa de desemprego e o crescimento fraco do ganho por hora trabalhada sugerem que os números são mais fracos do que uma avaliação preliminar sugere e o Fed deve esperar novos relatórios antes de optar por mudanças.
Entre as casas que mexeram nas previsões após a divulgação dos números de trabalho e agora apostam que o Fed vai anunciar a mudança em dezembro está a consultoria Capital Economics. Seu economista, Paul Asworth, avalia que a surpresa com a abertura de postos de trabalho em outubro e a revisão para cima em 60 mil postos nos dois meses anteriores mostram um mercado de trabalho forte e apontam para a redução de estímulos em dezembro. Antes, a consultoria previa mudança só em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.