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Agronegócios
Quinta - 07 de Novembro de 2013 às 13:27

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Apesar das reclamações dos produtores de trigo do Brasil, o governo avalia ampliar o prazo para a importação do cereal de fora do Mercosul sem a cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), de 10%. Atualmente, a janela de entrada é até 30 de novembro, mas o plano é estendê-la até o fim de dezembro. Segundo fontes do governo, facilitar a entrada de trigo importado significa conter o aumento demasiado dos preços dos derivados do cereal, o que pode impactar os índices de inflação.


 
Mas o plano do governo vem sendo criticado pelos produtores do Brasil, que consideram que estão perdendo a oportunidade de ganhar ainda mais com a escalada das cotações. Os preços estão em níveis superiores aos da safra passada, mas a oferta interna já vem derrubando as cotações, principalmente no Rio Grande do Sul, onde a comercialização está só começando. Lá, a queda é de quase 10% em novembro.


 
Com problemas pontuais na colheita de trigo no Sul do país e com uma safra magra do principal fornecedor de trigo ao Brasil (Argentina), o governo tem usado o artifício de permitir a entrada do cereal de outros países de fora do Mercosul, sem o pagamento da TEC.


 
Desde abril deste ano, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) vem liberando sistematicamente a importação do cereal nessas condições. Até agora estão autorizados a entrada de 3,3 milhões de toneladas até 30 novembro. Até agora, a renúncia fiscal do governo com a operação é de aproximadamente US$ 77,5 milhões, segundo cálculos da Conab. Com a internalização de todo o volume, esse valor deve se aproximar de US$ 102,1 milhões.


 
A maior parte desse volume já está dentro do país. Até outubro, foram cerca de 2,2 milhões de toneladas vindas dos Estados Unidos e do Canadá. Assim, ainda faltam entrar até 30 de novembro mais 1,1 milhão de toneladas. Mas é impossível trazer esse volume até o fim deste mês. Precisamos que o prazo seja estendido , diz Christian Saigh, presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo de São Paulo (Sindustrigo).


 
Como a colheita de trigo no Paraná já superou 70% da área, e a do Rio Grande do Sul começou mês passado, os produtores argumentam que já há oferta interna e que a entrada de mais trigo importado reduzirá ainda mais os preços.


 
Fontes do governo acreditam que as queixas do setor têm como objetivo evitar uma queda maior nas cotações no Rio Grande do Sul e não seriam uma reclamação em relação aos preços propriamente ditos. Quem plantou está recebendo um preço bom, e as importações estão mantendo os preços acessíveis também ao consumidor , disse uma fonte do Ministério da Agricultura.


 
No Paraná, por exemplo, os custos de produção estão na casa dos R$ 600 por tonelada, conforme a Conab. Já o preço recebido pelo produtor no Estado está em R$ 833, segundo o indicador Cepea/Esalq. Assim, neste momento, a margem no campo é 38%. Isso sem considerar que muitas das vendas foram feitas há algumas semanas a um valor até mais alto, próximo de R$ 1 mil a tonelada.


 
O diretor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, concorda que as recentes autorizações do governo para o cereal importado foram inoportunas dada a entrada da safra brasileira. No entanto, reconhece que o impacto foi muito pequeno para o produtor do Estado.


 
A comercialização no Paraná, diz ele, está até mais avançada do que costuma ser nesta época do ano. Segundo dados do Departamento de Economia Rural do Estado (Deral/Seab), até agora foram vendidas 46% da produção estimada de 1,7 milhão de toneladas do cereal. Em anos anteriores, esse percentual esteve entre 25% e 30% , comparou.


 
Mas esse não é o caso dos produtores gaúchos. Só em novembro, o indicador Cepea/Esalq para o cereal do Rio Grande do Sul acumula retração de 9,78%. O presidente da entidade que representa as cooperativas gaúchas (Fecoagro), Rui Polidoro, diz que a safra no Estado será grande e de boa qualidade, e que há um excedente de 1,5 milhão de toneladas, que derrubará os preços. A demanda está sendo abastecida pelas importações , reclama. Ele defende que o governo reduza o ICMS para comercialização de trigo com outros Estados, e volte a cobrar a TEC do trigo de fora do Mercosul.





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