A partir desta quarta-feira (6) todos os policiais militares de Mato Grosso que estiverem em operação nas ruas terão de vestir a nova farda, na cor cinza bandeirante, 100% algodão, que substitui o azul petróleo, que era usado desde 1964.
A única exceção de cor são para os policiais da área operacional e para aqueles que atuam em grupos especiais, entre os quais Rotam, Bope, Trânsito e Batalhão Ambiental, para os quais os uniformes seguem padronização nacional (preto, branco e verde camuflado). Entretanto, esses também terão de vestir uniformes confeccionados com tecido da textura padrão.
O dia seis foi escolhido para oficializar a mudança porque nesta data a Polícia Militar celebra 293 anos existência. Portanto, quem estiver convocado para participar das celebrações, na sede do Comando Geral, terá de se apresentar impecavelmente com de farda cinza com todos os seus adereços (insígnias e divisas), sob pena de punição.
A mudança da cor da farda PM vem acompanhada de muitas justificativas e de queixas por parte dos policiais, especialmente dos praças (soldados e cabos). O tenente-coronel Paulo Serbija, diretor de marketing da Polícia Militar no Estado, explica que duas pesquisas, uma de conclusão de curso de formação de oficiais e outra de especialização, apontaram a necessidade de mudanças no fardamento da tropa.
Tentar se livrar da herança repressora de organizações militares de regimes anteriores seria uma das causas da adoção da nova cor. Serbija diz que as pesquisas apontam o ‘azulão’ como “belicoso e repressor”. Já o cinza bandeirante seria suave, proporcionaria maior aproximação com a sociedade.
Além disso, ressalta, tem a questão climática. No Estado de Mato Grosso, em especial Cuiabá, as temperaturas altas requerem vestimentas mais leves, de tecido e cortes mais confortáveis. Microfibra, principal composição do modelo antigo, não seria apropriado, assim como detalhes que tornavam a farda desconfortável.
Serbija lembra que a cor e o tecido são apenas alguns dos itens da mudança. O coturno, por exemplo, que era de cano longo, agora tem cano curto. A sobreposição de tecido com uma manta de espuma nos ombros e joelhos também desapareceram.
Outro detalhe não será visto no fardamento novo é o elástico usado para fixar a barra da calça no calcanhar, supostamente para alinhá-la melhor dentro do coturno. O diretor de marketing lembra que nos quase três séculos de atuação a Polícia Militar já vestiu caqui e bege antes chegar ao “azulão”. A partir de agora, terá uniforme na mesma cor da PM de São Paulo.
O tenente-coronel Cézar Metelo, chefe da Seção de Apoio Logístico e Patrimônio, um dos autores da pesquisa (na especialização de aperfeiçoamento de oficiais), diz que cada policial recebeu gratuitamente dois conjuntos de fardamento operacionais.
Cézar Metelo esclarece que a composição do uniforme policial tem 70 itens, prevalecendo a cor cinza bandeirante, com previsão de outras tonalidades apenas para os grupos especiais, porém com uma grande variedade de modelos de acordo com a atividade.
Desde 2009, apesar da obrigatoriedade de oferecer fardas (dois conjuntos) aos soldados e cabos por ano, nenhum policial ganhou fardamento na PM por conta do estudo de mudança da cor e outras alterações do modelo em andamento. A PM já gastou mais de R$ 3 milhões na troca dos uniformes.