Analistas de sistemas e desenvolvedores de softwares apresentaram nesta sexta-feira (1º), na Câmara dos Deputados, sites, programas e aplicativos elaborados para auxiliar a população a fiscalizar parlamentares e a aplicação dos recursos públicos da Casa.
Entre as ferramentas desenvolvidas por hackers em apenas quatro dias de competição estão sites que permitem que os eleitores saibam o custo diário de um deputado e senador aos cofres públicos e que filtram projetos de lei que afetam um município específico, por meio de um sistema de geolocalização.
Especialistas participam do último dia da maratona
hacker na Câmara dos Deputados nesta sexta (1º)
(Foto: Luciana Amaral/G1)
A apresentação dos projetos encerrou a 1ª Maratona Hacker (Hackaton 2013), promovida pela Câmara ao longo da semana com o objetivo de estimular a criação das ferramentas.
Os trabalhos desenvolvidos durante o evento servem para que o cidadão possa consultar com mais agilidade e precisão dados relativos à Câmara, como gastos dos parlamentares, atividades dos congressistas dentro das comissões e andamento de propostas criadas no Legislativo.
No dia 28 de novembro, na Câmara, serão divulgados os trabalhos vencedores do Hackaton. Os links para os projetos mais bem qualificados deverão estar disponíveis no site da Câmara até o final de novembro. Ao todo, 50 pessoas participaram do concurso.
Grande parte dos projetos já está disponível na internet, mas ainda podem conter falhas e pequenos problemas de layout, segundo os autores dos trabalhos.
Os participantes terão até o dia 11 de novembro para aprimorar os sites e aplicativos e entregar a versão final. Cada concorrente teve à disposição para desenvolver o projeto apenas informações já presentes no portal da Casa.
Um prêmio de R$ 5 mil será concedido aos três primeiros lugares. A comissão avaliadora é formada por deputados, servidores da Câmara, jornalistas e especialistas na área de Tecnologia da Informação.
Projetos
O doutorando em engenharia de software na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Kellyton Brito, por exemplo, criou um site (meucongressonacional.com). Na página, ele cruzou todos os dados disponibilizados no portal da Câmara para fornecer ao leitor índices de gastos de cotas parlamentares e de atividades realizadas pelos políticos eleitos.
O analista de dados, Kellyton Brito, apresentou um
site que torna mais fácil acesso a gastos da
Câmara (Foto: Luciana Amaral/G1)
"Você faz a busca pelo parlamentar de seu interesse ou por estado e vê o quanto que ele gastou desde o início do mandato e com o quê. Dá para ver também de quais comissões participou e quais projetos ou emendas propôs", explicou.
Brito ainda separou os gastos de cada deputado e senador por dia desde o início do mandato de cada um. "Fiz assim para termos os gastos proporcionais, não só geral, e também para ficar mais próximo da população, ficar mais paupável", completou.
Perguntado se um cidadão que acessa pela primeira vez o portal da Câmara poderia encontrar e contextualizar essas informações facilmente, Brito disse acreditar ser "muito difícil, quase impossível".
Já a dupla de engenheiros Caio Lucena e Wesley Seidel, moradores de São Paulo, desenvolveram um sistema analítico de geolocalização na web que identifica em um mapa municípios brasileiros afetados pela seca e rastreia todos os projetos de lei e emendas parlamentares criados para solucionar o problema no local.
Para isso, além dos dados da Câmara, reuniram informações oficiais de outros órgãos do governo federal. O sistema deverá ser lançado em breve no endereço infoseca.org., que ainda não está no ar.
"Um morador de União, no interior do Piauí, por exemplo, clica na cidade no mapa e vê o que foi investido e proposto pelo governo para combater e reverter os efeitos da seca lá. Tem o que foi proposto pelo Congresso, o que foi feito, a quantidade de retroescavadeiras dadas e quantos carros-pipa foram comprados e existem", detalhou Seidel.
Para Lucena, o principal objetivo do programa é possibilitar que a população acesse as informações e veja se o que consta realmente é empregado na prática. "Dá uma possibilidade de a pessoa conferir. A retroescavadeira está ali? Está sendo usado para alguma obra para combater a seca? Se não estiver, vou na prefeitura cobrar. Esse é o pensamento", concluiu.