Deflagrada pelo Ministério Público em quatro estados do país, a operação "Ad Sumus" contou com 35 prisões ao longo desta quinta-feira (24) de pessoas suspeitas de envolvimento com uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas. Ao todo, 50 mandados judiciais de prisão foram expedidos para cumprimento por policiais do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rondônia. Foram apreendidos também drogas e armas.
Entre os presos estão dois homens que segundo as investigações chefiavam a quadrilha em Mato Grosso. As buscas em relação ao restante do grupo continuam. Promotores afirmam que o grupo faz parte de uma quadrilha que atua dentro e fora dos presídios paulistas e que se espalhou para outros estados. Um dos líderes da quadrilha continua foragido.
Investigação começou após apreensão de uma
tonelada de droga. (Foto: Divulgação Gaeco-MT)
Dos 35 mandados executados, 19 foram expedidos para pessoas que pessoas já estavam presas em Mato Grosso. Outras 12 pessoas foram presas no estado. Nos demais estados, a operação executou um mandado em São Paulo, dois em Mato Grosso do Sul e outros dois em Rondônia. Também foram expedidos 25 mandados de busca e apreensão. Os suspeitos apreendidos em Mato Grosso serão encaminhados à Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá.
Em Mato Grosso, onde 24 mandados foram abertos, a operação está sendo deflagrada em Cuiabá, Várzea Grande (região metropolitana da capital), Rondonópolis, Vila Bela da Santíssima Trindade, Poconé e Sapezal.
Os suspeitos foram denunciados por associação ao tráfico de drogas e formação de quadrilha. Um dos integrantes também responderá por um homicídio cometido no município de Poxoréo, a 259 km de Cuiabá.
Investigações
As investigações começaram em março do último ano e se estenderam até junho deste ano. Nesse período, foram realizadas prisões de alguns suspeitos, segundo o Gaeco.
Em março deste ano, por exemplo, uma operação resultou na prisão de um acusado, considerado um dos líderes do grupo criminoso em Mato Grosso. Na ocasião, ele foi flagrado com mais de uma tonelada de maconha.
Na denúncia, além do homicídio em Poxoréo, também há outros fatos criminosos envolvendo a mesma facção, como uma tentativa de homicídio contra três jovens no Bairro Doutor Fábio, em Cuiabá; a apreensão de um veículo na divisa com o Paraguai que iria transportar droga para Mato Grosso; ações contra estabelecimentos bancários e comerciais na região sul do estado.
“A maioria dos delitos ocorreu em Cuiabá e Várzea Grande, contudo, vários crimes vergastaram municípios do interior, com destaque para Rondonópolis. Parte das atividades delituosas desembocaram suas nefastas consequências em outros estados da Federação, sobretudo Rondônia e Mato Grosso do Sul”, diz um trecho da denúncia do Ministério Público.
Facção
Atualmente, aponta o Gaeco, estima-se que existam mais de 100 integrantes dessa organização criminosa atuando em Mato Grosso. Alguns deles, mesmos presos, estariam praticando delitos.
As investigações revelam que a atuação da facção começou em 1999 no estado, quando o suspeito "Marcola" permaneceu detido por cerca de seis meses na Penitenciária Central do Estado (PCE) por promover um roubo de R$ 6 milhões de uma agência bancária, em Cuiabá. No mesmo ano, no dia dia 5 de junho, ele e outros dois presos fugiram pela porta da frente do presídio.
Desde então, diz o MPE, o grupo vem tentando se organizar e se fortalecer no estado. Entre os recursos utilizados pelos criminosos estão "teleconferências", nas quais os integrantes interagem em tempo real.
“O grupo possui estatuto próprio e regras rígidas. Cada "irmão" deve contribuir com o pagamento de uma taxa mensal, esteja ele preso ou em liberdade. O dinheiro arrecadado é usado para compra de armamento e drogas, além de financiar a fuga ou resgate de integrantes da facção criminosa”, diz a denúncia do Ministério Público.