Cerca de 50 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Mato Grosso, Rondônia, Mato Grosso do Sul e São Paulo, na manhã desta quinta-feira (24), em uma operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) contra suspeitos de integrarem uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios. Eles estariam atuando em municípios mato-grossenses, como Cuiabá, Várzea Grande, região metropolitana da capital, Rondonópolis, Vila Bela da Santíssima Trindade, Poconé, Sapezal e em cidades dos outros estados, localidades em que foram expedidos os mandados.
De acordo com o Ministério Público Estadual, dos 50 acusados de envolvimento com a facção em Mato Grosso, 19 já estão presos na Penitenciária Central do Estado (PCE), na capital, Penitenciária Major Eldo Sá Correa, conhecida como Mata Grande, em Rondonópolis, e também em outras unidades prisionais. Os suspeitos foram denunciados por associação ao tráfico de drogas e formação de quadrilha. Um dos integrantes também responderá por homicídio ocorrido no município de Poxoréo.
As investigações iniciaram em março do último ano até junho de 2013 e, nesse período, as prisões de alguns suspeitos foram realizadas, segundo o Gaeco. Em março deste ano, por exemplo, uma operação resultou na prisão de acusado considerado ser um dos líderes do grupo criminoso em Mato Grosso, sendo que na ocasião ele foi flagrado com mais de uma tonelada de maconha. Na denúncia também há outros fatos criminosos envolvendo a mesma facção, como tentativa de homicídio contra três jovens no Bairro Doutor Fábio, em Cuiabá, apreensão de um veículo na divisa com o Paraguai e que iria transportar droga para Mato Grosso, ações contra estabelecimentos bancários e comerciais na região sul do estado, além do homicídio em Poxoréo.
“A maioria dos delitos ocorreu em Cuiabá e Várzea Grande, contudo, vários crimes vergastaram municípios do interior, com destaque para Rondonópolis. Parte das atividades delituosas desembocaram suas nefastas consequências em outros estados da Federação, sobretudo Rondônia e Mato Grosso do Sul”, diz um trecho da denúncia do Ministério Público.
Atualmente, aponta o Gaeco, estima-se que existam mais de 100 integrantes dessa organização criminosa atuando em Mato Grosso, Alguns deles, mesmos presos, estariam praticando delitos. As investigações revelam que a atuação da facção começou em 1999, no estado, quando o suspeito "Marcola" permaneceu detido por cerca de seis meses na Penitenciária Central do Estado (PCE) por promover um suposto roubo de R$ 6 milhões de uma agência bancária, em Cuiabá. No mesmo ano, no dia dia 5 de junho, ele e outros dois presos fugiram pela porta da frente do presídio.
Desde então, diz o MPE, o grupo vem tentando se organizar e fortalecer a facção no estado. Entre os recursos utilizados pelos criminosos estão "teleconferências", onde os integrantes se interagem em tempo real. “O grupo possui estatuto próprio e regras rígidas. Cada “irmão” deve contribuir com o pagamento de uma taxa mensal, esteja ele preso ou em liberdade. O dinheiro arrecadado é usado para compra de armamento e drogas, além de financiar a fuga ou resgate de integrantes da facção criminosa”, consta trecho da denúncia.