Aglair Greim chegou a pensar que não poderia ter filhos (Foto: Arquivo pessoal)
A administradora Aglair Ferreira Luz Greim, de 34 anos, que mora em Curitiba, descobriu que estava grávida já prestes a ganhar o primeiro filho. Após sentir dores por quatro dias, ela procurou um ginecologista, que mesmo não identificando a gravidez, a encaminhou para uma ecografia. O exame foi marcado para a semana seguinte, e a médica, que fez o exame, já orientou que o parto fosse realizado imadiatamente. A criança, uma menina, chama-se Camila. Nasceu saudável com 3,38 quilos e 48 centímetros. Nesta terça-feira (22), a nova integrante da família completa 14 dias.
Você fica perdida. Não sabe o que faz. Quando ela falou que eu estava de nove meses e era para eu sair dali para fazer o parto, fiquei preocupada."
Aglair Ferreira Greim, administradora
Aglair levou um susto quando a médica a ecaminhou para a maternidade. “Você fica perdida. Não sabe o que faz. Quando ela falou que eu estava de nove meses e era para eu sair dali para fazer o parto, fiquei preocupada”, contou a administradora.
Aglair explicou os motivos que a fizeram não desconfiar da gestação. Primeiramente, ela não teve enjoo - sintoma clássico da gravidez. Em segundo lugar, ela tem microcistose, que são pequenos cistos no ovário, e que implica irregularidades dos períodos menstruais.
“A minha menstruação nunca foi normal, por causa dos cistos. Estranho, eu até achava. Mas eu já passei tempos sem menstruar. Na verdade, eu tinha que tomar remédio para descer. Eu também achei que eu estava engordando. Não senti nenhum enjoo”.
Além disso, Aglair contou que tentou engravidar por dois anos e, diante do insucesso, procurou especialistas em reprodução assistida. Os métodos adotados, entretanto, não ajudaram, e ela chegou a pensar que não poderia ter filhos. De acordo com Aglair, os médicos mencionaram que, no caso dela, por causa da microcistose, a gravidez poderia ser perigosa. “Daí parei de pensar nisso”.
Assim que começou a sentir dor, que ela acreditava ser cólica, Aglair marcou uma consulta com um ginecologista. Porém, ele não percebeu que ela estava grávida. “Ele fez o preventivo, colheu o material e, na verdade, não viu que eu estava grávida”, comentou.
O ginecologista ainda solicitou que Aglair fizesse uma ecografia. Logo que chegou à clínica para o exame, a médica já perguntou se Aglair estava grávida.
“Eu disse que não e ela falou: mas essa barriga é de grávida. Ela colocou o gel na minha barriga e já falou que estava nascendo e que era para eu ir para maternidade”, lembrou. Neste momento, segundo Aglair, as dores já estavam menores. Antes de ir para a maternidade, ela ainda passou no trabalho e em casa.
Como a administradora não viveu as fases de planejamento e preparação física e psicológica de uma gravidez, os amigos e familiares ficaram solidários à notícia. “Acabei ganhando todo o enxoval. A família e os amigos foram comprando e me dando”. Hoje, Aglair se diz muito feliz com a filha e agradece por tudo ter acabado bem.
Médico diz que apesar de ser raro, gravidez pode passar despercebida
O médico obstetra Gleden Texeira Prates da Maternidade Santa Brígida, em Curitiba, afirmou que, ainda que raro, é possível a gravidez passar despercebida. Prates, inclusive, citou dois casos que atendeu em que as futuras mães descobriram a gravidez no quinto mês. Segundo ele, apesar do carácter excepcional, isso pode ocorrer especialmente nos casos de mulheres como a Aglair, que possui microcistose. De acordo com o médico, é comum mulheres com esse problema ficarem meses sem menstruar.
“A microcistose faz com que a mulher fique longos períodos sem menstruar, às vezes, até quatro meses. Pode confundir. Além disso, também dificulta a ovulação, ou seja, dificulta uma gravidez espontânea”, acrescentou.
A movimentação do bebê começa da metade da gestação em diante (...) mas a mulher pode achar que são movimentos do intestino. Parece coisa de novela, mas pode acontecer”
Gleden Teixeira Prates, obstetra
Outra situação que pode fazer com que a mulher não perceba a gravidez é o excesso de peso. “A população [brasileira], a exemplo, da população de países desenvolvidos, está aumentando um pouco de peso. Às vezes, a mulher é um pouco mais gordinha e não percebe. A movimentação do bebê começa da metade da gestação em diante. Em tese, deveria perceber, mas se tiver mais gordinha, a mulher pode achar que são movimentos do intestino. Parece coisa de novela, mas pode acontecer”, disse Prates.
Os riscos
Ter uma gestação completamente no escuro pode acarretar em riscos tanto para a mãe quanto para a criança. O médico destacou que o pré-natal é uma etapa de extrema importância, que exige uma série de cuidados e direciona o acompanhamento durante os nove meses. Prates explicou que um parto pode ser feito por uma enfermeira ou por um acadêmico de Medicina, uma vez que hoje tem menos complicadores. “Claro que tem seus riscos e que é importante ter um profissional capacitado para fazer, mas no pré-natal você acompanha a saúde da mãe que reflete na saúde do filho”, acrescentou.
De acordo com ele, no pré-natal, por exemplo, o médico pode adotar uma reposição de vitaminas que vai prevenir a má formação neurológica da criança. É possível ainda diagnosticar doenças como diabetes e hipertensão arterial. O médico lamenta que esta etapa ainda seja negligenciada por algumas mães.
Prates diz que, neste momento, em que Aglair está em casa com a filha nos braços ela pode relaxar. “A natureza fez a parte dela, agora, os cuidados são os mesmos de qualquer bebezinho”, disse. Ele mencionou apenas que, como não foi feito o pré-natal, a filha de Aglair vai precisar fazer alguns exames a mais que normalmente são feito com a mãe durante a gestação.