Alunos do 4º semestre do curso de Agronegócio da UNIC Rondonópolis visitaram no fim de semana várias propriedades rurais que fazem parte do Assentamento Primavera. Monitorados pelo promotor de Agricultura do Município, Renato Mendes, conheceram projetos apoiados pela Administração voltados aos pequenos produtores como a Associação de pasteurização de leite e fabricação de iogurte; os tanques de piscicultura; e o sítio modelo em produção de banana de Silvestre Geib também fez parte do roteiro.
Mesmo vivendo em um assentamento com 18 anos de existência, os trabalhadores do Primavera contaram que ainda têm dificuldades com a falta de união entre os produtores, em forma de uma cooperativa, o que facilitaria em muito a comercialização dos produtos das propriedades, no comércio da cidade. “Hoje temos uma oferta de quase dois mil litros de leite por dia aqui. Só que a Associação não pode comercializar. A produção vai toda para as escolas, e no período em que a rede estadual ficou em greve, paramos com a pasteurização e com o iogurte, a fábrica parou. Temos uma dificuldade muito grande. Aqui para a pasteurização o produtor ganha R$ 1 por litro, enquanto que para entregar o produto in natura para a Comajul (Cooperativa Mista Agropecuária de Juscimeira) ganhamos R$ 0,15 a menos a cada litro. O ideal é termos uma empresa que busque tudo aqui”, disse Odilon Rodrigues, presidente da Associação São Francisco de Assis.
O promotor Renato explicou que vê no Primavera a condição de se tornar uma região modelo de produção e pediu aos alunos do agronegócio que voltem seus estudos para a agricultura familiar. “Infelizmente quando se fala em agronegócio já se pensa em grande produção e grandes mercados, mas não deve ser assim. Quem coloca comida na mesa do cidadão é o pequeno produtor. O profissional que sai da Universidade tem de enxergar esta necessidade e nos ajudar”, discursou aos alunos. A professora Raquel mostrou ideia similar a de Mendes e colocou a instituição à disposição. “O objetivo desta nossa visita era realmente o de ver o que deu certo e também notar as dificuldades. Mas somos parceiros para um estudo aprofundado para a criação da cooperativa. Os alunos já fazem trabalhos sobre o assunto”, garantiu.
A professora chamou os produtores para participar de diversas palestras sobre o assunto que vão acontecer em Rondonópolis. “Nós temos que discutir e mostrar a vocês como tudo funciona. Ver exemplos que deram certo e os que deram errado, e o porquê dos resultados”, ratificou Raquel. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondonópolis, Valdivino Tomaz de Aquino, que também participou do encontro com os produtores, chamou a atenção para uma necessidade primária antes de ser tomada qualquer decisão. “Este assentamento tem 45 famílias, mas ainda falta organização. A falta de um trabalho conjunto prejudica a evolução”, destacou.
Produção de banana
Considerado uma das maiores referências e exemplos da região, o casal produtor de banana nanica, Silvestre e Claci Geib, contou toda a história de seus curtos sete anos em Rondonópolis. Vindos de Primavera do Leste, os dois chegam a produzir cerca de 4 mil caixas de banana por mês, com um faturamento bruto de R$ 72 mil. “Começamos a plantar um hectare quando chegamos aqui, há sete anos. Na época, plantamos banana e 200 pés de limão Taiti. Deu um vendaval que destruiu 150 pés de limão e por incrível que pareça nenhum de banana. Entendemos como um sinal de Deus e desde então temos nos dedicado ao plantio de banana”, contou Claci.
Nos próximos meses, o casal completará 18 hectares plantados, todos irrigados. A família Geib emprega sete funcionários da região e tem mais de 20 mil pés de banana produzindo atualmente. A professora Raquel ficou impressionada com a organização. “Na propriedade do Silvestre e da Claci é possível ver todas as fases do agronegócio bem definidas. Eles sabem exatamente onde comprar suas mudas, têm um manejo extremamente adequado e já ganharam o mercado com muita competência”, analisou. Atualmente as bananas produzidas pela família Geib são vendidas em Rondonópolis, Cuiabá e Coxim, no Mato Grosso do Sul.
Admirador do trabalho de Silvestre, Renato falou sobre o sonho de ver todo o produtor da localidade e da agricultura familiar de Rondonópolis, apoiados pelo Município, com tal evolução. “Nosso trabalho é oferecer condições, apoio técnico e acompanhamento para que todos cresçam como o Silvestre cresceu. Hoje ele caminha com as próprias pernas, mas se preparou para isso. Estudou e tem um conhecimento técnico sobre o que faz”, ressaltou o promotor.
Piscicultura
Os estudantes ainda tiveram a oportunidade de conhecer o projeto de piscicultura, mais novo incentivo da prefeitura aos pequenos produtores. “Nós escavamos até dois tanques de 20x40 metros para cada produtor a custo zero, em parceria com a Coder. Das 45 famílias do Assentamento Primavera, 28 aderiram ao projeto. Neste local, poderão soltar até 800 alevinos em cada um dos tanques, produzir em oito meses e ter um rendimento de R$ 6 mil. Só para ter uma ideia a defasagem de peixe no mercado só de Rondonópolis é de 3 mil quilos/dia. A maioria do que consumimos vem de fora”, informou.
A professora Raquel ressaltou aos alunos sobre a necessidade do pequeno produtor acessar todos os recursos disponíveis e diversificar. “O apoio da prefeitura é fundamental. O manejo no tanque não leva mais do que uma hora e meia por dia, o que permite que este produtor ainda possa ter outras atividades e agregar”, analisou.