Bonita, maquiada e armada. Assim é o cotidiano de trabalho da policial militar de Mato Grosso, que domingo (20,10) comemorou 30 anos de inclusão dentro de uma instituição tradicionalmente masculina. Neste período, houve muitas mudanças, avanços e conquistas.
Hoje a formação de todos os oficiais que ingressam na Polícia Militar está sob o comando de uma mulher, a tenente coronel Adriana de Souza Metelo. Uma das áreas de policiamento especializado – o Batalhão de Trânsito Urbano e Rodoviário (BPMTran) – é comandado por uma mulher, a major Graziele Bugalho. A instituição tem em sua história uma policial que conquistou o posto máximo da corporação, a coronel Lílian Tereza Veira de Lima, que atuou como comandante adjunto da Polícia Militar, segundo principal posto da PMMT. Também esteve à frente do Pelotão Feminino, da Diretoria de Recursos Humanos, dentre outras unidades.
Segundo Lilian, “para seguir carreira militar, a mulher não precisa perder a feminilidade”. Policiais que atuaram ao lado dela lembram que Lilian era vista sempre muito bem fardada, maquiada com adereços, sem exageros e sempre impecável. “A comandante se distinguia por ser muito humana. Era sempre muito rígida quando necessário, mas tudo dentro do bom senso”, afirmou a sargento Roseli da Silva.
A comandante da Academia de Polícia Militar Costa Verde (APMCV), Adriana Metelo, dá outras dicas. “A policial militar que deseja seguir carreira na instituição e busca ser reconhecida profissionalmente deve se qualificar, seja via cursos internos, como também externos”. Ela acredita que “os homens são muito focados, o que é bom, mas as mulheres conseguem ter uma visão holística, mais ampla da profissão e, assim, podem organizar e determinar qual o melhor caminho para atingir a excelência no trabalho”, compara. Até anos atrás, a mulher ainda era vista de maneira curiosa dentro da instituição. “Na época que atuei em Rondonópolis, não existiam muitas mulheres policiais, principalmente no interior. Lembro que os colegas policiais levavam suas esposas para me conhecer, como se fosse uma atração na cidade”, revelou.
A sargento Kammylla Pereira Rodrigues, lotada no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), conta que seus 10 anos de Polícia Militar foram marcados por muitas conquistas e superação. Com 18 anos, ingressou na carreira, sendo destaque nos dois cursos de formação em que participou – Curso de Formação de Soldado (CFSD) e Curso de Formação de Sargento (SFS). Ela destaca como experiências importantes na esfera profissional o período que trabalhou na favela Morro do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), e no Presídio Federal de Mato Grosso do Sul (MS).
Segundo o comandante geral da PM, coronel Nerci Adriano Denardi, mesmo diante das conquistas, a instituição ainda tem muito a avançar no que se refere à participação e comando da mulher policial. “Pois a presença feminina dentro da corporação é de fundamental importância. A mulher tem na sua natureza a sabedoria, a agilidade e o dinamismo”.
Para celebrar todas as conquistas, a Polícia Militar organiza, pelo segundo ano consecutivo, a ‘Semana da Mulher Policial Militar’. Dentre as comemorações estão ciclos de palestras, simulações de abordagens, apresentações culturais e exposição de acessórios profissionais. As comemorações encerram nesta segunda-feira (21.10), com sessão solene na Assembleia Legislativa, às 19h.