Em palestra motivacional a menores que cumprem medidas socioeducativas em Cuiabá, a Defensora Pública Fernanda Maria de Sá Soares explicou o papel da Defensoria Pública nos casos que envolvem crimes cometidos por menores e, com base em sua própria história de vida.
"Meu pai foi vítima de latrocínio, cometido por um menor, quando eu tinha apenas 2 anos. É claro que doeu em todos nós da família, mas isso não me desmotivou a lutar. E cada um de vocês pode ser o que decidirem, basta lutar com determinação", afirmou.
Segundo a Defensora, vivemos em um país com profundas desigualdades sociais e econômicas em que a violência é banalizada a cada dia, onde a vida possui valores diferenciados e o consumismo é supervalorizado. "Neste cenário estão inseridas as crianças e adolescentes, ora vítimas, ora produtoras também de violência".
Fernanda falou ainda sobre as penalidades aplicadas aos que desrespeitam as leis. "A intervenção do Estado se justifica não só pela manutenção da ordem pública, mas principalmente, pela proteção aos direitos fundamentais dos adolescentes. Por isso, a intervenção do Estado, ao tratar-se de adolescentes, não se revela apenas numa resposta penal, como ocorre com os adultos, e sim se realiza através de medidas socioeducativas".
"Muitos de vocês entraram em conflito com a lei e, por isso, estão cumprindo medidas socioeducativas. Diante dessa constatação eu questiono: Estão dispostos a mudar de vida?", perguntou a Defensora Pública.
Conforme dados do Poder Judiciário, 71% dos jovens em conflito com a lei tornam a cometer infração, mesmo depois de submetidos às medidas socioeducativas.
"Eu acredito que vocês, que estão aqui participando desta palestra, fazem parte dos 29% dos jovens que não terão mais que passar por esse tipo de situação e que terão um futuro brilhante na vida", concluiu Fernanda