Os registros de ferrugem asiática nas lavouras de soja do Brasil até o momento superam em 35% os da safra passada, mostraram dados de um consórcio que monitora a presença da doença fúngica. O fungo da ferrugem apareceu no Brasil há cerca de dez anos e tem grande potencial de causar perdas de produtividade, com a desfolha precoce das plantas.
O país está na fase inicial da colheita, com muitas lavouras ainda em fases de desenvolvimento e enchimento de grãos, suscetíveis a perdas de produtividade. Entretanto, os eventuais prejuízos com a ferrugem não são vistos como expressivos até o momento.
Até a terça-feira, o Consórcio Antiferrugem, que reúne empresas, órgãos de pesquisa e universidades, havia registrado 135 casos de ferrugem, mais da metade deles em Goiás, contra 100 casos até o dia 14 de janeiro de 2013.
O início da safra foi bastante chuvoso em Goiás, com um percentual acima da média dos últimos anos, na avaliação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg).
O fungo da ferrugem se prolifera com mais facilidade em ambientes úmidos e quentes. Quando não há combate, os esporos causadores da doença passam facilmente de uma lavoura para a outra pelo ar.
“Os produtores já estavam acostumados com a ferrugem vindo em janeiro, mais para o final do ciclo, e talvez podem ter atrasado a primeira aplicação, e a ferrugem apareceu com intensidade maior”, avaliou o consultor técnico da Faeg Cristiano Palavro.
Dos atuais 135 registros da doença, 73 foram em Goiás.
Para o técnico, os números também podem ter sido influenciados por uma forte atuação das entidades locais no combate à doença. Um novo laboratório de análises foi instalado recentemente pelo Sindicato Rural de Rio Verde, cidade polo do sudoeste goiano, o que pode explicar o elevado número de registros da região enviados para o sistema.
Apesar da presença da doença, a avaliação da Faeg é que até o momento não há prejuízo significativo à produção no Estado.
“A gente não teve relato de situações críticas de ataque de ferrugem… Ela sempre acaba aparecendo. Não vai dar um impacto muito negativo no custo de produção”, disse Palavro.
Dados da Somar Meteorologia mostram que as chuvas foram intensas e frequentes na região de Rio Verde até meados de dezembro. Desde o Natal, chove bem menos na região, o que vem ajudando a evitar a dispersão da ferrugem. “Os danos não vão ser muito elevados”, disse Palavro.