A Petrobras encomendou cargas extras de combustível da Índia, a maior parte delas de diesel, disseram fontes do mercado nesta sexta-feira, após um incêndio paralisar a quinta maior refinaria da estatal, há duas semanas. A refinaria indiana Reliance, que se tornou um fornecedor corriqueiro, ajudando o Brasil a suprir sua grande defasagem na produção de derivados, irá enviar à Petrobras cerca de 2,9 milhões de barris de diesel em dezembro.
A Petrobras comprou três cargas e está negociando uma entrega adicional após o incidente na refinaria Repar, de capacidade de 200 mil barris por dia (bpd), em Araucária, no Paraná, disseram operadores. Outros carregamentos devem seguir, somando-se a uma abrupta recuperação na demanda latino-americana por combustível importado que tem ajudado a impulsionar globalmente as margens de lucro das refinarias.
O Equador também está buscando embarques extras após um incêndio em Esmeraldas, sua principal refinaria, responsável pela produção de 110 mil bpd. Devido aos problemas na Repar, a Petrobras receberia em dezembro um volume total de 3,65 milhões de barris de combustíveis da Ásia, alta de pelo menos 20% ante novembro.
O Myrtos, petroleiro grego de tipo Aframax, deve chegar a um porto brasileiro não revelado entre 19 e 20 de dezembro para entregar cerca de 700 mil barris de diesel comprados antes do incêndio, segundo operadores e o sistema de rastreamento de navios da Reuters. O carregamento, embarcado em 16 de novembro no porto indiano de Sikka, ajudaria a Petrobras a fornecer combustível para postos localizados no Sul do Brasil, depois que a empresa limitou o abastecimento de várias cidades.
A Repar produz cerca de 100 mil bpd de diesel e 60 mil bpd de gasolina para o Sul do país, fornecendo inclusive para partes de São Paulo - coração industrial do país. A refinaria responde por cerca de 11% da capacidade nacional. O incêndio ocorreu em uma das unidades de destilação da refinaria, forçando uma paralisação da refinaria. A Repar está prevista para retomar suas operações em 17 de dezembro, mas só será capaz de operar a dois terços de sua capacidade por conta dos danos, disse um diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta sexta-feira.
Embora a ANP tenha permitido nesta semana que a Petrobras utilize um oleoduto para transportar diesel importado, a empresa precisa receber mais combustível importado para satisfazer a demanda doméstica, disseram analistas. A estatal também lançou uma licitação na semana passada para comprar um carregamento de 300 mil a 450 mil barris de diesel para entrega entre 22 e 28 de dezembro. A Petrobras importou uma média de 55,6 mil bpd de gasolina entre janeiro e outubro, mostrou um estudo independente.