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Segunda - 27 de Janeiro de 2014 às 07:20
Por: Welington Sabino

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Marcus Vaillant/Arquivo
Advogada do Univag pediu reconsideração de parte de decisão temendo espantar alunos e surgir risco de falência; magistrada aceita pedido
Advogada do Univag pediu reconsideração de parte de decisão temendo espantar alunos e surgir risco de falência; magistrada aceita pedido

Dúvidas, incerteza e preocupação. São esses os sentimentos que tomam conta dos universitários do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) desde que a crise financeira da instituição tornou-se pública em meados de novembro de 2013. De lá para cá o problema vem se agravando, uma vez que os funcionários já estão há quase 4 meses sem receber e deflagraram greve na semana passada com a promessa de não retomarem as aulas previstas para terem início no dia 3 de fevereiro. A reportagem contatou a advogada da universidade e ela garantiu que somente nesta segunda-feira (27) poderá se pronunciar sobre o assunto.

O fato ganhou os noticiários e também foi parar na Justiça, onde a universidade já amarga 3 decisões desfavoráveis. Mas a instituição não quer que o corpo discente fique sabendo das restrições impostas pela Justiça, por medo de perder alunos e ir à falência. Esses detalhes constam de uma recente manifestação da advogada do Univag no processo movido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso (Sintrae/MT).

Alguns alunos até já pagaram a taxa de rematrícula para 2014, mas estão temerosos em pagar a mensalidade diante do cenário de incertezas e a falta de informações. Com a greve, que segundo os professores será mantida até receberem todos os salários atrasados, os universitários temem que possam vir a perder o primeiro semestre de aulas deste ano.

Universitários ouvidos pela reportagem também reclamaram dos aumentos nas mensalidades anunciados para este início de sementre enquanto os professors continuam sem receber. No curso de odontologia por exemplo, o aumento foi de R$ 318. Antes era R$ 1.932,00 e com o reajuste anunciado em dezembro foi para R$ 2.250,00 em janeiro deste ano. O curso de Medicina, que foi implantado há um semestre, mesmo sem ter laboratórios próprios custa ao aluno por mês a bagatela de R$ 6.5 mil. Os alunos estudam no Bloco D, o mesmo do pessoal de Odontologia e também dividem os laboratórios de anatomia. Um bloco exclusivo para Medicina está em construção desde outubro do ano passado.

Na mais recente decisão proferida nesta sexta-feira (24) pela juíza Graziele Cabral Braga de Lima, que atua na 1ª Vara do Trabalho de Várzea Grande, parte de um pedido do Univag foi acatado. A empresa fez um pedido curioso após se ver obrigada a não receber pagamentos em dinheiro e ter que emitir boletos bancários para os valores das taxas de matrículas e mensalidades serem lançados nas 2 contas que estão bloqueadas. Pugnou pela reconsideração parcial da decisão “a fim de que não conste dos avisos a serem veiculados via internet, em seu portal, e por meio de rádio-difusão a informação de que a proibição de quantias em dinheiro em suas unidades se deu por força de decisão judicial, a fim de não alarmar a comunidade acadêmica, com a evasão de alunos, o que poderia levar-lhe à bancarrota”.

A magistrada atendeu ao pedido e modificou parte de sua decisão proferida dia 22 deste mês no processo movido pelo Sintrae. “Tendo em vista que o propósito da referida decisão não é causar prejuízos à ré, pelo contrário, espera o Juízo que esta se restabeleça a fim de quitar os débitos que ensejaram o ajuizamento da presente, defiro como requerido para reconsiderar o item 7, c, da decisão”.

Assim, a juíza reformulou o texto que o Univag fica obrigado a divulgar em seus anúncios no portal eletrônico e na imprensa para a seguinte forma: “Por questão de segurança dos corpos discente e docente desta instituição, o Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG não receberá mensalidades, matrículas e rematrículas em dinheiro em sua unidade. Aceitar-se-á apenas o pagamento das referidas parcelas por meio de boletos bancários.”

Falta de informações e boatos

Como a instituição nunca informou aos universitários sobre a real situação da universidade, boatos de que um possível pedido de falência poderá surgir já estão circulando. A reportagem apurou junto a alunos que, em verdade, esses boatos já existem há algum tempo, mas começam a ganhar força entre os estudantes e até entre funcionários do setor administrativo do Centro Universitário.

Alunos ouvidos pela reportagem relataram que o reitor nunca emitiu qualquer comunicado aos alunos. “Ficamos sabendo dos atrasos salariais por meio dos professores. E agora através da imprensa que tomamos conhecimento do bloqueio nas contas e da greve dos professores que estão sem receber”, disse uma universitária que pediu para não ser identificada.

Outra estudante relatou à reportagem que está preocupada com toda essa situação. “Eu paguei minha rematricula, mas estou com medo de pagar a mensalidade porque os professores entraram em greve e se não retornarem a gente poderá até perder o semestre de aula”, disse. Ela contou ainda que os trabalhadores também estão apreensivos. “ Uma funcionária do setor administrativo me disse que estão rolando comentários de que o Univag poderá até pedir falência e ser colocado à venda”. Alunos que são contemplados com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) estão temerosos, pois no caso deles é mais complicado quando se pensa em migrar de faculdade ou cogita-se uma hipótese de a crise do Univag se agravar ainda mais.

Outro lado: Procurada, a advogada do Univag disse que esses boatos não procedem, mas que ela só poderá comentar a situação da instituição com a reportagem nesta segunda-feira (26).






Fonte: A Gazeta

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