Ponte Preta e Corinthians entraram pressionados no estádio Moisés Lucarelli, na tarde deste domingo, pela quinta rodada do Campeonato Paulista. Ameaçados por seus torcedores na véspera, Timão e Macaca viam na partida de Campinas uma forma de acalmar um pouco os ânimos. E foi a Ponte quem conseguiu. Ao vencer por 2 a 1, dentro da sua casa, deixou a pressão para o lado do rival. Com dois expulsos e com mais uma derrota, os corintianos ficam em situação ainda mais delicada.
Com o resultado, a Ponte foi a seis pontos e se manteve em terceiro lugar no grupo C, liderado pelo Santos com 13. Já o Corinthians, com os mesmos seis pontos, caiu para quarto no grupo B, que tem o Botafogo, com nove, na liderança. Na próxima rodada, a Macaca vai a Ribeirão Preto enfrentar o Comercial, na quarta-feira às 19h30. No mesmo dia, o Timão recebe o Bragantino no Pacaembu a partir das 22h.
Os dois times entraram em campo assustados. No sábado, torcedores de Ponte Preta e Corinthians fizeram protestos contra as situações que seus times enfrentam. Cerca de 100 corintianos invadiram o CT do Timão, que tinha sido goleado pelo Santos (5 a 1) no meio de semana, ameaçaram jogadores, agrediram funcionários e roubaram três aparelhos de telefone celular. Em Campinas, 50 pontepretanos se reuniram na porta do estádio durante a apresentação do técnico Oswaldo Alvarez. Pelo lado corintiano, jogadores e dirigentes até cogitaram o adiamento da partida e chegaram a consultar a Federação Paulista de Futebol.
Antes de a bola rolar ainda existia uma dúvida sobre alguma possível mobilização dos atletas em campo. Mas nada ocorreu e o jogo começou. A Macaca precisou de apenas três minutos para abrir o placar. Alemão iniciou a jogada, rolou para Adrianinho, que esticou para Ademir na esquerda. Ele foi à linha de fundo e cruzou para a área. A bola passou entre quatro defensores do Timão e encontrou novamente Alemão, que só empurrou para a rede. O atacante recebeu cartão amarelo por ter subido no alambrado para comemorar.
O Corinthians estava visivelmente desestabilizado. Desarrumado em campo, o Timão tinha dificuldade para se organizar tanto na defesa quanto no ataque. As tentativas de buscar o empate eram com cruzamentos na área ou chutes de longe, principalmente com Guilherme e Emerson Sheik.
Uendel acerta de cabeça para empatar o jogo no Moisés Lucarelli (Marcos Ribolli)
Aos poucos, e com mais posse de bola, os corintianos foram conseguindo equilibrar o jogo. Aos 32 veio o empate. Guilherme levantou na área e Uendel, como elemento surpresa, surgiu nas costas da defesa para finalizar numa forte cabeçada. A bola foi no ângulo de Roberto, que não teve chance. Ex-jogador da Ponte, o lateral corintiano comemorou discretamente.
A virada quase ocorreu três minutos depois, mas dessa vez Roberto salvou. Uendel cobrou falta, Sheik desviou de cabeça, mas o goleiro da Ponte Preta se esticou para defender. O primeiro tempo, que tinha começado desenhado para uma vitória da Macaca, terminou igual no placar e no desempenho.
Segundo tempo: gol de Ferrugem e vermelho na zaga corintiana
Na volta do intervalo, sem nenhuma mexida dos técnicos, a Ponte rapidamente pulou na frente do marcador, novamente aos três minutos. Ferrugem recebeu de Alemão na entrada da área, ameaçou chutar, viu Gil tentar o bote e limpou o zagueiro adversário até que com certa facilidade. Frente a frente com Walter, o lateral não teve trabalho para fazer o gol. Na comemoração, caiu no chão e recordou o drama que viveu no ano passado. Em março, ele sofreu uma grave lesão, fraturou os ligamentos do tornozelo esquerdo e correu o risco de ter o pé amputado. Passou por cirurgia e ficou nove meses afastado dos gramados até voltar. O primeiro gol depois de tudo isso não poderia ter uma simples comemoração.
Ferrugem, que viveu um drama no ano passado, vibra com o gol que deu a vitória à Ponte (Marcos Ribolli)
O troco corintiano quase veio aos 8. Após boa troca de passes entre Sheik e Romarinho, a bola sobrou para Guerrero dentro da área. O camisa 9 tentou duas vezes, mas foi parado em ambas por Roberto. Após a segunda finalização, o peruano pisou, aparentemente involuntariamente, no goleiro da Ponte Preta, que precisou de atendimento.
Os técnicos fizeram alterações. Mano tentou mais uma vez apostar em Alexandre Pato e, novamente, não viu seu atacante render. Os donos da casa seguiam melhores e mais seguros. As expulsões dos dois zagueiros – Gil aos 39 e Paulo André aos 45 minutos – acabaram com qualquer esperança de reação corintiana. O primeiro chutou um adversário no chão, e o segundo recebeu dois amarelos por faltas duras.
A Ponte saiu de campo tentando reatar com a sua torcida, enquanto o Corinthians deixou Campinas ainda mais pressionado do que quando chegou e xingado por boa parte dos fãs que foram ao estádio.