A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), com sede no Rio de Janeiro, confirmou, por meio de nota de esclarecimento, que o material encontrado no Distrito Industrial de Cuiabá, na última sexta-feira (7), é Césio 137.
O órgão, no entanto, ressaltou que se trata de uma “fonte radioativa de baixa potência – ou com baixa atividade radioativa" - e que não oferece riscos à população.
Na nota, a comissão também lembrou que o material foi descoberto em um galpão industrial desativado e que o objeto está dentro da blindagem adequada.
De acordo com o órgão, uma equipe do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), unidade da CNEN em Goiás, chegou ainda no sábado (8) ao local e recolheu a fonte, “que já se encontra devidamente armazenada”.
Vale lembrar que foi no Estado de Goiás que ocorreu o acidente radioativo considerado o segundo maior do mundo com Césio 137, em 1987.
Fonte
Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, pelas características da fonte de Césio 137, é possível concluir que foi ela utilizada em equipamentos medidores de nível em empresas de produtos envasados.
Os técnicos da CNEN estão investigando, pelos dados de cadastro da fonte, quem era o proprietário do material.
Outro lado
Um funcionário da empresa onde o material estava armazenado, mas que não quis se identificar, afirmou ao MidiaNews que o equipamento em que estava o Césio 137, de forma alguma, oferecia algum risco à população.
Segundo ele, que trabalha no local há 22 anos, o material estava dentro de uma máquina de raio-X, que controlava níveis de extrator em uma indústria de alimentos. A máquina pesava cerca de 10 quilos e estava parada há 20 anos.
“Sabendo que havia possibilidade de materiais perigosos, nós mesmos pedimos à Defesa Civil que fosse ao local e analisasse o conteúdo da máquina na sexta-feira (7). Em seguida, veio o pessoal de Goiás e, aí sim, foi levado o aparelho”, relatou.
Acidente em Goiás
No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de lixo de Goiânia encontraram um equipamento de teleterapia, em um terreno do antigo Instituto Goiano de Radioterapia, na região central da capital.
Os dois desmontaram o aparelho com o objetivo de vender as partes, que acabaram sendo comercializadas ao dono de um ferro-velho, Devair Ferreira. Ele encontrou a cápsula de Césio 137, um pó azulado que brilhava no escuro.
Devair mostrou a “descoberta” para a mulher, Maria Gabriela, distribuir para familiares e amigos. O irmão de Devair, Ivo Ferreira, levou o Césio 137 para a filha, Leide das Neves, que comeu o pó com ovo cozido.
Em outubro, Leide e Maria Gabriela morreram. Devair morreu sete anos depois.
O acidente em Goiânia ocorreu um ano após o da Usina Nuclear de Chernobil, considerado o pior nuclear da história, na Rússia.
O de Goiás é considerado o pior do mundo fora de uma usina.