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Nacional
Segunda - 10 de Fevereiro de 2014 às 23:12
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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A viúva do repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, Arlita Andrade, afirmou que a morte do jornalista não pode ser em vão. Santiago teve morte cerebral nesta segunda-feira (10), quatro dias após ser atingido na cabeça por um rojão. Na noite de domingo (9), em entrevista à repórter Bette Lucchese, Arlita diz ter contado com o apoio da família para aguentar as mais de 80 horas de angústia e o prognóstico pouco animador dos médicos. "Quando eu entrei [na UTI do hospital, no domingo], eu senti que ele não estava nem mais lá. Ele não estava lá. Aí eu fiquei pensando isso. Eu tenho que botar para fora, tenho que mostrar que ele não pode estar indo embora em vão. Ele não pode estar indo embora em vão", disse.

Santiago tinha 49 anos e deixa três enteados e uma filha, que seguiu o caminho do pai e se tornou jornalista. Após a morte cerebral do cinegrafista, a família de Santiago decidiu doar seus órgãos.

Segundo Arlita, que viveu com Santiago por 30 anos, seu marido tinha carinho pelo trabalho que fazia –ele trabalhava como cinegrafista da rede de TV Bandeirantes havia dez anos– e se dedicou a cobrir questões importantes no Rio e em outras partes do mundo.

"Todos nós somos brasileiros, não poderia deixar nosso país ficar assim. E meu marido é so mais uma pessoa, mas não quero que o nome dele seja esquecido. Porque ele fez muito mostrando as misérias e tudo que acontece no mundo, no Rio, nas tragédias, nos morros", explicou Arlita.

"E nestas manifestações, tudo ele mostrou e fazia com o maior carinho, tanto que mesmo caindo a gente nota [nas imagens] que ele foi segurando a câmera."

Arlita Andrade (Foto: Reprodução GloboNews)

Arlita, viúva do cinegrafista Santiago Andrade
(Foto: Reprodução GloboNews)

Pedido
Arlita afirmou, no domingo, pede às pessoas que participam de manifestações "que não sejam violentas", porque "isso não vai levar a nada". Ela rogou que os manifestantes "pensem na mãe, na família" de quem também está nos protestos. "O nosso Brasil só vai ser mal visto, ninguém vai querer depois nem olhar para a nosssa terra."

Arlita viu as imagens que mostram o marido sendo atingido por um rojão e disse que tem recebido informações sobre a investigação policial.

“Acho que esses rapazes que fizeram isso, que meu marido sofreu, eles não tiveram, talvez, mães que não deram os ensinamentos que dei para os meus filhos. Como é que a gente vai ter paz no mundo se a gente não ensina para os filhos da gente? Então, isso é uma coisa que me deixou muito triste porque ele não merecia, é uma pessoa muito boa. Ele procurava sempre ajudar todos”, disse.

Arlita disse ter visto a entrevista de Fábio Raposo, preso no domingo (9) após confirmar em depoimento à polícia que passou o rojão para outro homem responsável por acender o artefato em meio à manifestação.

"Eu vi ele pedir desculpa, mas acho que o que falta neles é o amor, é o amor pelas pessoas, porque a gente não faz isso. Ele disse que foi sem intenção. Que seja, mas meu marido estava trabalhando, estava mostrando uma manifestação. Uma manifestação pode se fazer, mas não precisa dessa violência."






Fonte: Do G1

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