O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, voltou a negar nesta segunda-feira (10) qualquer envolvimento com o homem acusado de disparar o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade (no vídeo acima, veja a reportagem do Jornal Nacional).
Neste domingo (9), o advogado Jonas Tadeu assinou um documento na polícia afirmando que recebeu uma ligação de uma ativista e que ela informou que o deputado teria relação com o homem que disparou o rojão. O advogado representa Fábio Raposo, preso depois de admitir ter entregado a outro homem o rojão que atingiu e feriu o cinegrafista. Tadeu e o estagiário dele disseram no domingo à polícia que receberam duas ligações da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho.
Segundo a declaração, Sininho ligou para oferecer ajuda. E disse que teria advogados criminalistas à disposição Fábio Raposo. Ainda de acordo com o documento, ela disse ao advogado Jonas Tadeu que o rapaz que acendeu o artefato era ligado ao deputado Freixo.
Nesta segunda-feira (10), em uma entrevista coletiva, o deputado Marcelo Freixo disse que a ativista ligou para o celular da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, presidida por ele. Segundo o deputado, Elisa Quadros estava preocupada com a possibilidade de Fábio Raposo ser torturado na cadeia.
Marcelo Freixo disse que não foi pedida nem oferecida qualquer assistência jurídica. Declarou também que não conhece Fábio Raposo nem o homem de camisa cinza e calça jeans que acendeu o rojão que atingiu o cinegrafista.
"Não há qualquer relação. Ele não é filiado, não tem relação comprovadamente. Mas mesmo que tivesse, jamais, mesmo que conhecesse, seria razoável que eu concordasse com sua atitude. Mas nem isso, não tem", afirmou o deputado.
A ativista Elisa Quadros será ouvida nesta terça-feira pelo delegado que comanda as investigações. No domingo (9), ela confirmou ter ligado para o estagiário do advogado. "Liguei para o Marcelo. Tem os advogados das manifestações, do movimento, da DH e HC, e a gente queria saber quem estava assistindo ele. E que a gente poderia acionar os advogados que inclusive já sabem do caso. E o Marcelo, assistente, falou que não precisava e pronto. E a gente veio aqui pra saber o que estava acontecendo", disse a ativista.
O deputado afirmou também desconfiar das declarações do advogado Jonas Tadeu porque ele defendeu o ex-deputado Natalino Guimarães, preso em 2008 depois de investigações da CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo.
"Isso vira uma denúncia de um advogado que deveria ao menos levantar suspeita ao sabermos que foi o mesmo advogado que defendeu o deputado Natalino na época em que eu presidi a CPI das Milícias. E quero dizer que exercício da advocacia é um direito e é fundamental que tenha. Não estou aqui jamais questionando o advogado pelo exercício da sua profissão. Ele tem todo o direito de advogar para quem ele entender que tem que advogar o exercício honesto da sua profissão", disse.
O advogado confirmou que defendeu Natalino, mas negou hoje qualquer envolvimento com as milícias. "O deputado Natalino Guimaraes, na época, enquanto deputado, eu fiz a defesa dele, para a preservação do mandato parlamentar dele. Quando ele deixou de ser deputado estadual, eu me afastei do caso", afirmou o advogado Jonas Tadeu.
De manhã, a Rádio Globo colocou juntos no ar o advogado e o deputado (ouça). O advogado Jonas Tadeu disse que se deixou levar pela emoção ao entregar para uma repórter da TV Globo o documento feito pelo seu estagiário na delegacia. E pediu desculpas a Marcelo Freixo. Ele disse que a ativista Sininho foi imprudente por ter dito a ele ao telefone que o homem que atirou o rojão era ligado a Freixo. Mas não desmentiu o que consta do documento. Na internet, Sininho confirma ter feito o telefonema, mas nega ter associado o homem que acendeu o rojão ao deputado.