Falta de caminhoneiros dificulta escoamento da safra agrícola de MT Para motoristas, pico da safra aumenta rendimento da atividade. ATC diz que muitos profissionais têm receio da tecnologia existente.
Produtores de Mato Grosso enfrentam dificuldades com o escoamento da safra devido a falta de motoristas no pico da colheita da soja. O problema de mão de obra soma aos empecilhos já conhecidos no setor, como a precariedade das estradas e o excesso de umidade no campo.
Toda a produção que sai dos campos é movimentada sobre rodas. É tanto grão que se fosse para transportar tudo de uma só vez seriam necessários 675 mil caminhões bitrens com capacidade para 40 toneladas cada. Levando em conta que o estado deve produzir nesta safra, em 8 milhões de hectares, quase 27 milhões de toneladas. Esses caminhões enfileirados, ocupariam 13 mil e quinhentos quilômetros, pouco mais de uma volta completa ao redor da terra.
Para escoar toda a safra, a frota de caminhões em Mato Grosso está sendo ampliada. O gerente de uma concessionária, Roberto Nunen, conta que a a empresa vendeu no ano passado mais de 1,2 mil veículos. Um crescimento de 113% comparado com o ano anterior. "Nós tivemos um aumento expressivo nas vendas de veículos por vários fatores, primeiro pela abundância de créditos com juros convidativos; segundo, pelo aumento da safra que em Mato Grosso cresce 10% ao ano”.
Com a frota crescente, aumenta a disputa por motoristas especialmente nesta fase, no auge da colheita. “A transportadora que pagar mais a gente carrega por ela”, afirma o caminhoneiro Darci Antônio Tessaro. Francisco Ximenes, que também é motorista, acrescenta que a categoria espera ansiosa para chegar a safra e ganhar mais.
Atualmente faltam caminhoneiros para suprir a demanda do Estado. A estimativa da Associação dos Transportadores de Cargas (ATC) é de que seriam necessários mais 2 mil motoristas. O problema se repete em nível nacional, cujo déficit é de 300 mil trabalhadores no país.
“A falta de infraestrutura, a questão da jornada de trabalho, que infelizmente ainda não está sendo devidamente fiscalizada, e o alto índice acidentes tem desmotivado muitos profissionais a permanecerem e outros de adentrarem na profissão”, relata o diretor executivo da ATC, Miguel Mendes.
Para ele, alguns profissionais acabam ficando inibidos de adentrar na cabine de um caminhão devido a tecnologia exigida. “Nós temos buscado parcerias para fazer treinamentos, junto até as próprias fábricas de caminhões que têm nos ajudado. Isso pode amenizar o problema”, afirma.
O proprietário de uma transportadora em Sinop, Valdeci Gazziero, confirma que tem dificuldade de manter rodando os 40 caminhões que possui. "Na região, a falta de mão de obra de motorista é muito grande. Falta qualificação e instrução. Sempre tem de 4 a 5 caminhões parados por causa de falta de motorista".
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