Água do Rio Madeira cobre parte da BR-364 (Foto: Sérgio Vale/Secom Acre)
A BR-364, única via terrestre de acesso entre Rondônia e Acre, foi interditada na manhã desta segunda-feira (3) pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) para análise das condições de passagem dos veículos, por causa da cheia histórica do Rio Madeira, que já atinge 18,73 metros, segundo a Defesa Civil Estadual. Na região de Velha Mutum, uma lâmina d'água continua cobrindo a rodovia, impedindo que carros baixos como caminhões tipo cegonhas passem pela rodovia. A interdição deve durar toda a manhã.
O prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif, decretou estado de calamidade pública e aguarda reconhecimento da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cheia recorde do Rio Madeira já ultrapassa em mais de um metro o último registro de enchente, com grandes consequências, registrado em 1997 de 17,52 metros.
A Defesa Civil Estadual informa que a lâmina d'água que cobre a rodovia está em constante oscilação, e por isso, é preciso fazer a análise das condições para evitar que acidentes ocorram. "Tem horas que está em 75 centímetros, mas às vezes chega à 80, por isso é preciso ver como está a rodovia para continuar permitindo ou não a passagem dos caminhões mais altos", diz tenente coronel Demargli da Costa Farias, da Defesa Civil Estadual.
Todo o tráfego da rodovia está sendo monitorado. Um controle dos policiais rodoviários federais permite que apenas 20 caminhões, por hora, sejam liberados para a travessia sobre as águas do Rio Madeira. Para passar, adapatações mecânicas feitas nos caminhões pelo próprios motoristas e, explica o mecânico Bernardo Ribeiro, há mais de 20 anos no ramo, são necessárias para não fundir motor.
Caminhões fazem adapatação mecânica para passar
em pista alagada
(Foto: Nilce Souza Magalhães/Arquivo Pessoal)
Calamidade pública
O prefeito Mauro Nazif decretou estado de calamidade pública em Porto Velho na quinta-feira (27), em razão da cheia história do Rio Madeira. Mais de 2 mil famílias, o que representa cerca de 10 mil pessoas, estão fora de suas casas, na capital e em 14 distritos atingidos pelas águas, de acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel José Pimentel. O nível já ultrapassou o registro de 1997, de 17,52 metros, quando ocorreu a maior cheia do Madeira.
Durante a assinatura do decreto, Nazif revelou estudos que já indicaram um prejuízo de R$ 330 milhões, incluindo danos a prédios públicos, ao setor privado e ao meio ambiente. “São números assustadores e momentâneos”, afirmou o prefeito.
Sobre a previsão de gastos do município, o secretário de Planejamento de Porto Velho, Jorge Elarrat, disse que "não sabemos até onde iremos”. O município espera que recursos federais cheguem "o mais rapidamente”.