A Polícia Civil identificou o autor das ameaças de morte proferidas contra a prefeita de Rondolândia (1600 km a noroeste da Capital), Bett Sabah Marinho da Silva (PT). As investigações concluíram que um homem, que tinha a intenção de se aproximar da gestora para obter vantagens, teria inventado a história de forma a fazer com que ela soubesse que estava na mira de criminosos. Embora o inquérito só seja concluído na próxima semana, o delegado encarregado pelo caso adiantou que ele será indiciado pelos crimes de falsidade ideológica e ameaça.
Delegado que atende o município, José Ricardo Garcia Bruno ressaltou que após a instauração do inquérito a primeira ação, além de garantir a proteção à prefeita, era a de identificar a pessoa responsável por espalhar a informação que a execução de Bett teria sido encomendada por R$ 130 mil. Com o apoio de policiais da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que fizeram a escolta da prefeita por vários dias, foi possível chegar ao homem.
Em depoimento, ele confessou ter inventado a história. O boato foi espalhado em duas ocasiões diferentes, sempre próximo a pessoas que trabalhavam com Bett, de forma a fazer com que ela soubesse da ameaça. Primeiro, ele disse que pessoas haviam encomendado a execução por R$ 130 mil e, dias depois, afirmando que as armas para o crime já haviam sido adquiridas.
O suspeito confirmou que a intenção dele em inventar a ameaça era a de fazer com que ele se aproximasse da prefeita para, em um segundo momento, conseguir um emprego na prefeitura. Ao delegado, disse ainda que não existe nenhuma quadrilha com interesse na morte da petista.
Bruno ressalta que não há, em andamento, mais nenhuma investigação sobre supostas ameaças contra a prefeita, uma vez que apenas um boletim de ocorrência foi confeccionado e não há outra informação de eventual crime de pistolagem em andamento. Por conta disso, o homem será indiciado por falsidade ideológica, uma vez que em declarações anteriores confirmou a existência de um consórcio para o cometimento do crime, e por ameaça, já que acabou criando a história. Se condenado, poderá pegar até 5 anos e meio de prisão pelos 2 crimes.
Depois de tentar contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp/MT) para pedir proteção, Bett procurou a Polícia Federal e chegou a ir para Brasília (DF), onde se reuniu com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, que reforçou a necessidade de proteção à prefeita. Por conta da situação, ela chegou a mudar os filhos de escola e não se sentia segura para andar pelo município, que tem cerca de 3,7 mil habitantes.
O receio da prefeita era motivado pelas execuções de gestores municipais já registradas em Mato Grosso. Nas últimas eleições, a petista venceu Agnaldo Rodrigues de Carvalho (PP) por uma diferença de apenas 3 votos. Conquistou 1.061 votos enquanto o agricultor Agnaldo Carvalho foi escolhido por 1.058 eleitores. Foram registrados ainda 79 votos nulos e 13 eleitores votaram em branco. Derrotado, ele recorreu à Justiça pedindo que o pleito fosse anulado, mas perdeu. Em julho do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou o recurso de Carvalho e manteve Bett como prefeita.