Suspeito compartilhou foto de criança com a mensagem 'que gostosinho' (Foto: Reprodução / Facebook)
O homem de 26 anos que foi preso nesta quarta-feira (5) por suspeita de pedofilia em Cotia (SP) estava com um processo de adoção aberto na cidade de Boituva (SP). A informação é do delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga (SP), responsável pelas investigações, Victor Hugo Siqueira Paulino. Segundo ele, o homem morou em Boituva, por isso, o processo foi iniciado no município.
O delegado explica que o documento foi encontrado na casa do homem, onde também estava o computador dele com vídeos de sexo com crianças, além de fotos de menores com quem ele manteve contato. Ainda de acordo com o delegado, o processo de adoção estava no período inicial, antes de avaliações, quando é feito o recolhimento de documentos. Esse pedido foi feito no Poder Judiciário deBoituva, na época em que o homem morava na cidade. Segundo a DIG, o suspeito era desempregado e morava com a mãe. Ainda de acordo com a Polícia, o criminoso usava um perfil falso e se identificava como um menino.
O G1 conversou com o diretor de divisão de Ação Social, Paulo Roberto Gomes Júnior, da Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Trabalho de Boituva, que atende ao abrigo de crianças retiradas das famílias pela Justiça e que estão aptas para serem adotadas. De acordo com ele, cada processo de adoção é acompanhado por uma equipe de psicólogos e assistentes sociais. “As pessoas que pedem para adotar uma criança são avaliadas pela equipe técnica de adoção do Poder Judiciário. Caso essa família esteja preparada para cuidar de um menor, uma criança será retirada da Casa da Adoção e entregue para a família“, explica.
A prisão
O suspeito de pedofila foi preso depois de denúncia da família de um menino de 10 anos, que mora em Itapetininga. A criança foi abordada pelo suspeito em uma rede social. Enquanto a criança conversava com o homem, ele ficou nu e começou a fazer exibições sexuais. A criança avisou o tio. O parente se passou pelo sobrinho, constatou o assédio e chamou a polícia.
Os investigadores da DIG foram até a casa da família e continuaram a conversa durante horas com o suspeito, sempre se passando pelo menor.
Enquanto os policiais mantinham a conversa, os investigadores conseguiram rastrear e identificar o endereço do rapaz. Uma operação foi montada e os policiais foram até a casa do suspeito. Quando os investigadores chegaram ao local, ainda encontraram o homem nu conversando com outra criança.
De acordo com o delegado Victor Hugo Siqueira Paulino, responsável pela investigação, o suspeito pode pegar 10 anos de prisão. “Nós já fizemos a prisão preventiva do homem, que foi detido em flagrante. A investigação continua em busca de novas vítimas, e se ele havia se encontrado pessoalmente com alguma delas. Caso haja algo novo a pena pode aumentar”, diz.
Victor Hugo ressalta que pelo menos sete crianças de Itapetininga foram assediadas pelo suspeito. “Até o momento sabemos que ele manteve contato com essas crianças, mas é provável que menores de outras cidades também tenham sido vítimas dele. Nenhuma dessas crianças chegou a enviar fotos ou vídeos íntimos”, afirma.
Perfil falso
O suspeito atraía os menores em uma rede social usando um perfil falso com a foto de um menino. Todos os amigos que ele tinha eram menores de idade. Para iniciar os bate-papos ele começava a falar sobre jogos eletrônicos.
No perfil, ele escrevia mensagens repetidas vezes pedindo "pelo amor de Deus" para que as pessoas ficassem on-line para conversar com ele. Em outra publicação, com data de 23 de fevereiro, ele compartilhou a foto de um menino na praia e escreveu: "que gostozinho" (sic).
Ele está preso na cadeia de Capão Bonito (SP). Após a prisão, o perfil falso foi apagado.
O delegado Victor Hugo Paulino ressalta a importância dos pais estarem atentos às conversas e aos contatos que os filhos mantêm na internet. “A gente pede para que os pais ou responsáveis se mantenham vigilantes. É preciso tomar cuidado tanto pessoalmente quanto virtualmente e verificar qualquer modificação na rotina da criança. Se for constatado qualquer problema, é preciso acionar a polícia”, completa.