Propaganda traz Neymar 'ensinando' estrangeiros
a pedirem bebida. (Foto: Divulgação)
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou na quarta-feira (12) requerimento que solicita ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República providências para a retirada do ar do comercial do Guaraná Antarctica, da Ambev, no qual Neymar aparece fazendo pegadinhas com estrangeiros.
O requerimento, de autoria do deputado Marcos Rogério (PDT-RO), pede que a propaganda seja retirada do ar, "na medida em que promove o bullying com estrangeiros no Brasil".
No requerimento, os membros da comissão sugerem ainda ao Conar que "oriente as empresas a evitar toda a propaganda que viole os princípios da dignidade humana".
Na campanha "Papelzinho", criada pela DM9DDB, Neymar ensina "amigos gringos" a pedir a bebida em português. Um holandês, um francês e um americano se revezam tentando pedir o refrigerante em um quiosque de praia, lendo um papel escrito por Neymar. Como ninguém consegue entender, eles percebem que foram alvos de uma brincadeira do jogador. Assista aqui
"Um jogador de futebol, respeitado no Brasil e no exterior, questionado por um turista sobre
como pedir a bebida, ele ensina: um guaraná para o água de salsicha, um 'garrana' para o
filhote de cruz credo. Ainda tem serra pelada e cão chupando manga... Fácil ver. Não se
trata de apenas mais uma propaganda criativa. Trata-se da promoção do bullying, sua forma
de praticá-lo, determinando inclusive seu público alvo: o turista em visita ao Brasil, no ano em que se realiza a Copa do Mundo", diz o texto do requerimento.
Marca diz que não teve intenção de ofender turistas
Procurada pela G1, A Ambev informou que o filme, que estreou na primeira semana de fevereiro, saiu do ar no dia 11 de março, "de acordo com o plano de mídia previamente aprovado, já que, no próximo final de semana, a marca entra na mídia com sua nova campanha".
"A Ambev é patrocinadora da Copa do Mundo e da Seleção Brasileira e em nenhum momento teve a intenção de ofender os turistas ou discriminar quem quer que seja. A companhia lamenta que a brincadeira de Neymar com seus amigos tenha sido mal interpretada por algumas pessoas", disse a empresa, em comunicado.
Já o Conar informou que um processo contra a propaganda foi aberto em 19 de fevereiro após o recebimento de mais de 50 reclamações de consumidores e que o caso deve ser julgado ainda neste mês.
Caberá ao conselho de ética do Conar avaliar as críticas à campanha. Caso entenda que a propaganda fere, de fato, o código do setor, a entidade poderá recomendar a suspensão definitiva do comercial e fazer uma advertência ao anunciante. A esse tipo de decisão, no entanto, cabe recurso. Caso o conselho avalie que as queixas não se justificam, o processo será arquivado.