Tony Ribeiro/MidiaNews
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Réu confesso da morte de Paulo Medina, Rhuan Costa Neres enfrenta Júri Popular
Teve início às 14 horas o julgamento de Rhuan Costa Neres, de 18 anos, réu confesso no assassinato do bailarino e coreógrafo Pedro Paulo Gois Medina, 44, diretor da companhia de dança contemporânea Voo Livre Ballet. Rhuan responde por homicídio por meio cruel.
Antes do início do júri, a sobrinha de Medina, Grizielle Gois Medina, afirmou que a família espera por uma condenação alta para o jovem e ainda acredita que Rhuan tinha, por objetivo, roubar o bailarino – ainda que essa argumentação não tenha sido acolhida pelo Ministério Público Estadual (MPE) por falta de provas.
“Se a pena for baixa, nós vamos recorrer até o fim para que seja feita a justiça pelo meu tio”, disse.
Além de Grizielle, outra sobrinha do bailarino e suas duas irmãs que moram em Campo Grande (MS), Marilza e Elizabete Gois Medina, assistem ao julgamento.
Tony Ribeiro/MidiaNews |
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Júri é presidido pela juíza Mônica Perri e teve início às 14h desta quinta-feira (13) |
Amigos e ex-alunos do bailarino também compareceram em peso no Fórum de Cuiabá e não descartam que o crime seja homofóbico.
O júri é formado por sete pessoas, sendo seis homens e uma mulher. Quem preside o Tribunal do Júri é a juíza Mônica Catarina Perri de Siqueira.
Nenhuma testemunha compareceu ao julgamento, que seguiu para as fases de réplica e tréplica entre a acusação – promotor de Justiça Wesley Sanchez Lacerda e o advogado Odenias Petronilo Gama – e a defesa – representada pelo defensor público Márcio Bruno Xavier.
Assediado
Durante o interrogatório do réu, Rhuan defendeu a tese de que foi abordado por Medina na noite de 14 de abril do ano passado, quando fazia um lanche próximo à Ponte do Coxipó, na Avenida Fernando Corrêa da Costa.
“Eu tinha saído de uma festa e, quando comia um hambúrguer, um carro parou e ele [Medina] me perguntou para onde eu ia, se eu não queria carona. Falei que ai a pé, mas ele insistiu, então eu aceitei”, disse.
De acordo com o rapaz, Medina teria informado que precisava passar rapidamente em sua casa, no bairro Boa Esperança.
"Quando ele tentou me segurar de novo, dei uma facada nele entre o rim e o pulmão. Depois, dei mais uns três golpes. Ele me deu uma rasteira, eu fiquei por cima dele e fiquei dando murros"
“Ele entrou com o carro na garagem, trancou o portão e ele me pediu pra descer do carro, que só ia buscar alguma coisa. Eu desci, até deixei minha mochila dentro do carro, e segui para dentro da casa. Daí ele trancou a casa e começou a me alisar, tirou a roupa, ficou só de cueca e tentava me beijar, ficava ‘dando em cima’ de mim”, afirmou.
Rhuan se contradisse em relação ao tempo em que passou com Medina dentro da casa e de onde portava o canivete com o qual perfurou a vítima seguidamente. Ele também se contradisse afirmando, incialmente, que a porta da casa estava trancada e, na sequência, que a porta principal estava encostada e apenas o portão principal estava fechado com cadeado.
Por fim, Rhuan disse que permaneceu na casa de Medina por cerca de meia hora. Nesse período, ele confirmou que fez sexo oral com o bailarino.
“Eu não queria, ficava empurrando ele, falava que não curtia, não praticava isso [relação homossexual], mas ele ficou insistindo. Ele foi tirando minha roupa, eu não sabia o que fazer, fiquei paralisado. Quando acabou, ele foi ao banheiro e eu comecei a colocar a bermuda, querendo sair dali”, disse.
De acordo com o jovem, o bailarino tentou forçar a continuidade da relação. Rhuan disse que foi quando começou a empurrar Medina por várias vezes, mas por ser maior e mais forte, o bailarino teria continuado a assediá-lo.
"Eu continuei empurrando e lembrei do canivete que carregava entre a meia e o tênis. Dei um murro, ele reagiu e deu um murro na minha boca. Ele ficou por cima de mim, me batendo e eu comecei a gritar por socorro, porque a porta estava trancada”, disse.
"Se a pena for baixa, nós vamos recorrer até o fim para que seja feita a justiça pelo meu tio"
Rhuan disse que conseguiu empurrar a vítima mais uma vez, tendo pego um banco de madeira – também usado para golpear Medina na cabeça – e voltando a entrar em luta corporal com o bailarino, posteriormente fugindo ensanguentado pela avenida, vestido apenas com sua bermuda.
“Quando ele tentou me segurar de novo, dei uma facada nele entre o rim e o pulmão. Depois, dei mais uns três golpes. Ele me deu uma rasteira, eu fiquei por cima dele e fiquei dando murros. Daí eu corri, pulei o portão e a cerca elétrica e comecei a correr pela avenida, pedindo carona. Encontrei uma viatura, pedi ajuda e voltamos lá”, disse.
Amigo discorda
Compadre de Medina, com quem mantinha uma amizade de mais de 20 anos, Antônio de Pádua disse não ter se convencido durante o interrogatório do rapaz, e defende que o crime foi “traiçoeiro, mas covarde”.
“Ele começou a relação sexual, aproveitou um momento de relaxamento do Medina e o atacou. Foi covarde, porque ele não entraria numa luta corporal, cara a cara. O Medina era mais alto, mais forte, praticava várias lutas. Ele quis se aproveitar. Medina não ia ficar insistindo, até porque ele [Rhuan] não é nenhum galã”, disse.