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Nacional
Sábado - 15 de Março de 2014 às 02:30
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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Posto de resfriamento de leite foi alvo de operação do MP do RS (Foto: Divulgação/Ministério Público)

Posto de resfriamento de leite foi alvo de operação
do MP do RS (Foto: Divulgação/Ministério Público)

A LBR Lácteos, empresa de Tapejara (RS) responsável pelas marcas Líder e Parmalat, afirmou por meio de nota que retirou do mercado os lotes de leite fornecidos por um grupo suspeito de adulteração do produto. Em operação do Ministério Público na manhã desta sexta-feira (14), o dono de um posto de resfriamento foi preso e mandados de busca foram cumpridos em oito cidades do Rio Grande do Sul. De acordo com o MP, 300 mil litros de leite com formol foram enviados a unidades da LBR em Guaratinguetá (SP) e Lobato (PR).

No comunicado, a empresa disse que foi informada de uma "possível contaminação" em 25 de fevereir nas dependências do fornecedor. "Assim que tomou conhecimento da possível contaminação na matéria-prima, utilizada na fabricação de seus produtos, decidiu como medida preventiva, mesmo sem ter identificado anormalidades nos sucessivos testes realizados, recolher os lotes de leite UHT do mercado", diz a nota (veja a íntegra abaixo).

Leite compensado rs (Foto: Divulgação/Ministério Público)

Soda cáustica foi apreendida no posto de
resfriamento (Foto: Divulgação/Ministério Público)

A LBR afirma que o leite foi recebido na unidade de Tapejara, onde foi submetido a testes de qualidade e posteriormente enviado para as unidades no Paraná e em São Paulo. "Nestas unidades, foi novamente submetida aos testes exigidos pela legislação sem a detecção de qualquer anormalidade e foi utilizada na fabricação de leite UHT, nas 24 horas após o seu recebimento. Todos os produtos expedidos passaram novamente pelos mesmos testes, conforme o procedimento interno da empresa de dupla checagem para a garantia total dos produtos", garante a empresa.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta, o MP afirmou que a empresa não havia recolhido o produto. Durante as buscas em um posto de resfriamento em Condor, no Noroeste do RS, o MP apreendeu 600 quilos de soda cáustica. O dono do estabelecimento foi preso.

É a quarta operação em 10 meses que flagra o esquema no Rio Grande do Sul. O MP relatou ainda flagrantes do transporte de leite no interior do estado, que ocorria de forma irregular e sem higiene. O produto era removido das pequenas propriedades rurais em um caminhão. Em um posto de combustíveis de Entre-Ijuís, transportadores retiravam o leite para transferir a outro veículo maior.

Responsável pela investigação, o promotor Mauro Rockebach alertou para os perigos do consumo do produto. “O perigo é da comunidade, da sociedade, não é da indústria. Tamanha a desfaçatez com a saúde da população. Está sendo avisada a indústria que o leite está com uma substância cancerígena, ela omite a informação, manda para consumo, se nega a retirar da oferta”, afirmou o promotor durante entrevista coletiva.

Os lotes do produto não foram divulgados, mas os consumidores podem observar as datas de fabricação das duas marcas: 13 e 14 de fevereiro, para leite longa vida.

O dono do posto de resfriamento começou a ser investigado há um mês, quando foram coletadas 53 amostras de leite cru armazenadas no posto de resfriamento. Documentos repassados pelo Ministério da Agricultura constataram que 12 amostras apresentaram a presença de formaldeídos (formol).

Além de Condor, a operação foi realizada nas cidades de Ijuí, Santiago, Santo Augusto, São Luiz Gonzaga, Santo Ângelo, Panambi e Tupanciretã, na Região Noroeste e nas Missões, onde são cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão. Promotores também fiscalizaram um posto de combustíveis de Entre-Ijuís onde transportadores faziam a troca do produto de um caminhão para outro.

Veja a íntegra da nota da LBR Lácteos
"A LBR Lácteos Brasil SA tomou conhecimento em 25 de fevereiro de 2014 da possível contaminação na matéria-prima de um fornecedor, que fora recolhida pelo Ministério da Agricultura em 10 de fevereiro de 2014 nas dependências deste fornecedor. Assim que tomou conhecimento da possível contaminação na matéria-prima, utilizada na fabricação de seus produtos, decidiu como medida preventiva, mesmo sem ter identificado anormalidades nos sucessivos testes realizados, recolher os lotes de leite UHT do mercado. 

Esta matéria-prima foi recebida na unidade de Tapejara (RS) e depois de ser aprovada em todos os testes de qualidade previstos na legislação, foi enviada para processamento nas unidades de Lobato (PR) e Guaratinguetá (SP), que são abastecidas rotineiramente por leite originado no Rio Grande do Sul. Nestas unidades, foi novamente submetida aos testes exigidos pela legislação sem a detecção de qualquer anormalidade e foi utilizada na fabricação de leite UHT, nas 24 horas após o seu recebimento. Todos os produtos expedidos passaram novamente pelos mesmos testes, conforme o procedimento interno da empresa de dupla checagem para a garantia total dos produtos.

Tendo recebido no dia 28 de fevereiro a ordem recolhimento cautelar do leite UHT fabricado em Lobato (PR), a LBR decidiu como medida preventiva, mesmo sem ter identificado anormalidades nos sucessivos testes realizados, recolher do mercado os lotes deste leite UHT, que também foi enviado para a análise oficial do Ministério da Agricultura. E ainda, preventivamente, enviou amostras do mesmo lote ao Laboratório Credenciado do MAPA para análises externas, que atestaram a qualidade do produto, validando todos os testes internos. Estes lotes estavam distribuídos em cidades do estado do Paraná. A coleta das amostras pelo MAPA ocorreu apenas no dia 13 de março.

No caso da fábrica de Guaratinguetá (SP), o Ministério da Agricultura, por solicitação da empresa, recolheu amostras do leite UHT produzido e procedeu a realização de análises em laboratório oficial, análises estas que resultaram negativas para a presença da substância Formaldeído, estando portanto o lote de produtos apto para o consumo, conforme laudo em poder da empresa. Apesar disso, ao receber a ordem de recolhimento cautelar do Ministério da Agricultura no dia 11 de março de 2014, também procedemos ao imediato recolhimento dos produtos encontrados no mercado.

A empresa considera assim, que cumpriu com todos os procedimentos exigidos pela legislação e observou as cautelas aplicáveis ao caso. A LBR reforça seu compromisso com a qualidade e o respeito com os consumidores. A empresa realiza permanente controle no recebimento de matéria-prima e em todo o processo produtivo, seguindo os mais altos padrões de qualidade, de forma a garantir a integridade dos produtos que disponibiliza aos consumidores de suas marcas".

Operação foi desencadeada em 2013
Em maio do ano passado, o órgão desencadeou a primeira edição da Leite Compensado. As investigações revelaram um esquema que adulterou mais de 100 milhões de litros do produto. O MP descobriu que transportadores estavam adicionando água e ureia, substância usada para disfarçar a perda nutricional e que contém formol em sua composição, ao leite cru, no caminho entre a propriedade rural e a indústria.  Com isso, conseguiam aumentar os lucros em até 10%.

Embora a Justiça tenha condenado seis pessoas em dezembro de 2013, a adulteração de leite continuou no estado. Desde o ano passado, foram descobertos três núcleos de adulteradores de leite, em seis municípios gaúchos: Ibirubá, Ronda Alta, Boa Vista do Buricá, Horizontina, Guaporé e Três de Maio.






Fonte: Do G1

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