O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp) denunciou nesta segunda-feira que as agressões contra agentes penitenciários por detentos registradas em 2014 já superaram as do ano passado inteiro. De acordo com o sindicato, 32 agentes foram agredidos por detentos desde janeiro, enquanto que em 2013 foram registradas 30 casos de agressões.
Além do aumento das agressões, segundo o sindicato, houve também aumento das ocorrências de motins. "Foram três motins este ano, nas unidades prisionais de Itaí, Suzano e Guarulhos, além de um confusão, que quase se transformou em rebelião, em São Vicente”, afirmou o presidente do Sindasp, Daniel Grandolfo. Segundo ele, no ano passado inteiro, nenhum motim foi registrado.
"O aumento dos casos de agressão e de motins é uma prova de como está difícil o clima dentro das prisões", afirmou Grandolfo. "Os detentos xingam, ameaçam as famílias e até cospem no rosto dos agentes, quando não agridem com tapas e até espancamentos, como ocorreram nos motins deste ano", completou.
De acordo com o Sindasp, quase metade dos 32 casos de agressões foram registrados nos motins. Em fevereiro, três agentes foram agredidos com pauladas, socos e pontapés. Segundo o sindicato, os detentos rebelados renderam os funcionários, pegaram as chaves e soltaram outros presos. A tentativa de motim só não foi consumada devido à rápida ação de equipes de disciplina, que isolaram os presos rebelados.
As agressões ocorrem quando os agentes ficam em contato direto com os detentos, ao entrarem sozinhos nos raios para soltá-los para o banho de sol. "Entram quatro ou cinco agentes para soltar centenas e até milhares de presos. Neste momento, eles aproveitam para agredir ou render os agentes que não podem fazer nada", explica Grandolfo. Os motivos das agressões são variados: vinganças pessoais de presos punidos por indisciplina, revolta por causa da superlotação ou por estar cumprindo pena além do tempo fixado em sentença, ou mesmo para realização de motins.
Uma das soluções para o problema seria a automatizar as portas cujas fechaduras que poderiam ser abertas por sistema eletrônico. O Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente é uma das unidades em que parte dos raios foi automatizada, mas o incidente ocorreu justamente num dos raios em que a abertura tem de ser feita pelos agentes. “A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) diz que fechaduras eletrônicas das portas das grades é prioridade, mas até agora instalou o dispositivo em pouquíssimas unidades”, diz o diretor do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), Luiz da Silva Filho.
A SAP foi questionada sobre o assunto, mas até a publicação desta reportagem não se pronunciou.