Após 30 anos separados, uma família do Paraná se reencontrou em Rondonópolis, cidade a 218 km de Cuiabá, nesta semana. A história começou quando Oscar Maciel Góes, de 71 anos, há muitos anos deixou a mulher e os filhos na cidade de Rondon, no Paraná, para conseguir trabalho em Mato Grosso.
Cleonice Maciel, filha de Oscar, contou que o pai saiu de casa quando ela tinha nove anos. “Depois de três anos que meu pai tinha saído de casa, minha mãe até foi atrás dele, mas, quando ela o encontrou, ele não quis voltar mais para casa”, disse.
A ex-mulher Ilza Gonçalves, relembrou que o marido resolveu sair de casa para deixar a profissão de boiadeiro quando tinham 10 anos de casados. “Minha esperança era que ele voltasse logo, mas o tempo foi passando e as notícias ficaram cada vez mais raras”, afirmou.
Durante esse tempo, Ilza contou que sustentou as quatro filhas com o que ganhava nas lavouras de cana-de-açúcar. "Quando eu chegava para cortar a cana-de-açúcar, via as meninas e chorava na roça porque era muito difícil", lamentou.
Quando estava longe da família, Oscar passou por várias cidades de Mato Grosso, mas foi em Rondonópolis que ele passou a maior parte do tempo. O Conselho do Idoso estima que ele passou mais de 15 anos andando pelas ruas como um andarilho.
Em uma das andanças, ele passou mal próximo ao antigo espaço da rodoviária da cidade. Nesse momento, algumas pessoas que estavam próximas do local acionou o Serviço de Atendimento Móvel (Samu). Depois disso, ele foi encaminhado para o Conselho do Idoso.
Após a recuperação, a Promotoria de Defesa da Cidadania foi chamada e Oscar encaminhado para o Hospital Psiquiátrico Paulo de Tarso, onde ficou internado por seis meses por ser alcoólatra. Há uma semana estando na Casa de Apoio Lar Cristão, a família o encontrou.
“A assistência social do Ministério Público entrou em contato com a família e uma rádio da cidade deles viu o anúncio e colocou a notícia no ar”, disse a promotora de Justiça, Joana Ninis.
Volta para casa
Agora conforme a família, a volta de Oscar para casa já está marcada. A filha afirma que não tem mais mágoas do pai e que durante muito tempo ficou angustiada por não saber sobre o paradeiro dele.
“No começo, achava que tinha sido rejeitada por ele, mas isso não aconteceu. E agora eu disse para a minha mãe que se ela for ficar com ele para cuidar não deve mais lembrar do passado. Mas caso ela não queira, ele pode ficar na minha casa que vou cuidar dele”, concluiu.