Policiais chegam para prestar depoimento na
29ª DP (Madureira) (Foto: Ale Silva/ Futura Press/
Estadão Conteúdo)
Dois dos três policiais militares que estão presos por terem arrastado no domingo (16) por cerca de 350 metros a auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, ao transportá-la possuem registros de homicídio decorrente de intervenção policial. A informação foi divulgada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (19). O subtenente Adir Serrano Machado consta como autor em 13 homicídios, já o subtenente Rodney Miguel Archanjo possui três registros de homicídio e o sargento Alex Sandro da Silva Alves não possui nenhum registro como autor.
Os três policiais militares, que estão presos em Bangu 8, chegaram para prestar novo depoimento às 16h20 desta quarta-feira na 29º DP (Madureira). Eles entraram na delegacia escoltados por outros policiais e não deram entrevista.
Os três também são investigados pela Corregedoria da PM. Cláudia foi baleada durante uma ação dos policiais na comunidade e, ao ser levada para o Hospital Carlos Chagas, foi arrastada por 350 metros ao ficar pendurada pela roupa no carro da PM. O primeiro depoimento dos PMs foi realizado no domingo (16), antes de as imagens da mulher sendo arrastada no asfalto serem divulgadas pelo jornal Extra.
Dúvidas
A morte da moradora baleada e arrastada por um carro da PM ainda não foi totalmente esclarecida. O comando do 9º BPM (Rocha Miranda) afirmou que os policiais realizavam uma operação na favela. Mas não há explicação sobre os motivos que levaram os PMs à comunidade no domingo de madrugada, nem a confirmação de quantos homens participaram.
O comandante do Batalhão, tenente coronel Wagner Moretzsohn, disse, por telefone à TV Globo, ainda no domingo, que a ação começou às 5h30 da manhã. Em nota, a assessoria da PM divulgada no mesmo dia informava que com a chegada dos policiais houve troca de tiros. Os moradores negam que tenha ocorrido confronto com supostos traficantes.
O tenente coronel disse ainda que Cláudia foi baleada por volta das 8h, quase três horas depois da chegada dos policiais na favela. O comandante disse que ela foi atingida quando os policias trocavam tiros com um grupo de vinte criminosos.
Cláudia Ferreira foi colocada dentro do carro da PM na Rua Joana Resende, no alto do morro da Congonha. A viatura seguiu até o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, num percurso de nove quilômetros, que podia ser feito, em média, em cerca de 13 minutos.
O vídeo de um cinegrafista amador mostrou o momento em que o carro da PM seguia pela Estrada Intendente Magalhães. A porta traseira estava aberta e Cláudia foi arrastada no asfalto por 350 metros. Os PM param e ela é jogada de volta no porta-malas.
A filha mais velha de Cláudia, Thaís, disse em entrevista ao Bom Dia Rio que a mãe já havia caído antes, quando a viatura deixava o morro. Por meio de nota, Polícia Militar lamentou a morte de Claudia. A corporação informou que 12 policiais militares participaram da operação e que o objetivo era checar denúncias de que bandidos da Vila Kennedy teriam fugido para o Morro da Congonha. A PM também não deu esclarecimentos sobre a outra queda que ela teria sofrido do carro assim que a viatura saiu do morro - como relatou a filha da auxiliar de serviços gerais.