A família da passageira Luciney Aguiar de Sousa, 40 anos, reclama da demora em localizar o avião que desapareceu emJacareacanga, sudoeste do Pará. As buscas entram no terceiro dia nesta quinta-feira (20).
Segundo o pai da técnica em enfermagem, Ramiro Ferreira Aguiar, a família soube do sumiço do bimotor por parentes que moram em Itaituba, e desde lá, a preocupação e ansiedade por informações têm tirado o sono. “A gente só espera, só espera e não tem decisão de encontrar avião. Não encontram ninguém e é assim desse jeito. Estamos sofrendo, não durmo a noite”, disse angustiado.
Cláudia Aguiar, irmã de Luciney conta que a cada dia a aflição aumenta. “Quanto mais demorar é pior. Eu sei que é difícil para procurar numa mata fechada, chuva e tudo, mas porque não ouvir o que a população fala? Aí chega a noite, está escuro, não dá para procurar. Mais um dia que a gente não dorme, mais um dia querendo saber notícia da pessoa do sangue da gente, que a gente ama”, se emociona.
Família afirma que ela escapou de outro acidente
de avião em dezembro de 2013.
(Foto: Reprodução/TV Tapajós)
Passageira escapou de outro acidente
De acordo com a família, Luciney escapou de um acidente de avião em dezembro de 2013. A irmã conta que ela desceu em uma localidade, e o avião seguiu viagem. Pouco tempo após decolar, o bimotor caiu. Os três índios Kaiapó, piloto e co-piloto, que estavam na aeronave morreram. “Ela tinha ficado numa localidade e eles iam deixar as pessoas mais para frente e nesse caso o avião caiu e as pessoas faleceram. Ela chegou a dizer para a minha irmã que ela tinha acabado de sair daquele avião em que as pessoas faleceram. Ela sabia do perigo. Já tinha sofrido com outras coisas, mais a gente sabe que não é em todo canto que ganha bem. A pessoa tem filho e quer ganhar um pouco melhor e por isso ficou exposta a isso”, afirma Cláudia.
O G1 entrou em contato com a empresa dona do avião que caiu em dezembro, mas o responsável não soube confirmar se Luciney viajou pela aeronave.
Os familiares também estão questionando a falta de informações. "Nós não temos comunicação com ninguém de governo, de empresa, de nada. Temos que nos virar para encontrar parentes, amigos e conhecidos por lá pela região para que eles fiquem repassando informações", ressalta o tio de uma das passageiras que chegou a enviar SMS quando o avião entrou em pane, Rubélio Santos.
FAB afirma que mata fechada dificulta buscas.
(Foto: Divulgação/Grupamento Aéreo de Segurança
Pública do Pará (Graesp))
Mata fechada
De acordo com a Força Área Brasileira (FAB) a mata fechada dificulta os trabalhos. “Muitas vezes a gente pensa que um avião que caiu na mata vai abrir uma grande clareira, algo de fácil visualização, mas na verdade não é assim, a mata, em termos gerais, realmente ‘engole’ a aeronave e caso ela tenha colidido com solo e não pegou fogo, fica mais difícil ainda a localização”, explica o capitão da FAB, Alcides Machado.
Segundo ele, as aeronaves de buscas definem aéreas antes de começarem as buscas. “Para não haver conflito e não deixarmos nenhum buraco. Como não foi acionado o E.L.T, o equipamento de segurança, a gente fez buscas por setorização”.
Entenda o caso
Um avião de pequeno porte que transportava uma equipe de profissionais da Secretaria Especial de Saúde Indigena (Sesai) até uma aldeia indígena de Jacareacanga, no sudoeste do Pará desapareceu na última terça-feira (18). Aeronaves de Manaus e Campo Grande estão ajudando nos trabalhos de localização do bimotor, modelo Beechcraft BE 58 Baron.
De acordo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a situação da aeronave desaparecida, de matrícula PR-LMN, estava regular. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) estavam em dia.