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Nacional
Sexta - 21 de Março de 2014 às 10:29
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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Cerca de 80% dos pelos corporais da menina já foram removidos (Foto: Vitor Santana/G1)

Cerca de 80% dos pelos corporais da menina
já foram removidos (Foto: Vitor Santana/G1)

A menina Kemilly Vitória Pereira de Souza, que nasceu com o corpo coberto de pelos, continua o tratamento de laserterapia e comemora três anos de idade nesta sexta-feira (21) com uma nova aparência. “Ela está toda convencida, se arruma em frente ao espelho e fica se olhando, passando a mão no rosto, já sem os pelos”, disse a mãe da criança, Patrícia Batista Pereira, 22 anos. “O maior presente é a felicidade dela”, completou, emocionada.

A sexta sessão de laserterapia foi realizada na quinta-feira (20) no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. No total, a criança já teve cerca de 80% dos pelos corporais removidos.

Kemilly nunca teve uma festa de aniversário devido às condições financeiras dos pais, mas, este ano, toda a família se uniu para proporcionar esse momento a ela. “Nos outros anos não tínhamos condições pelo custo dos remédios que a gente tinha que comprar. Esse ano, cada um da família tá dando alguma coisa para fazer a festinha”, contou a mãe.

A aniversariante já tem noção do que a data representa e se mostra toda animada. “Vou ganhar presente”, diz Kemilly, esperando voltar à sua cidade natal, Augustinópolis, no Tocantins, onde será realizada a comemoração.

Kemilly foi diagnosticada com uma doença genética e hereditária chamada hipertricose lanuginosa, também conhecida como "síndrome do lobisomem", que a faz ter uma quantidade de pelos no corpo acima do considerado normal. Após dois anos buscando tratamento, os pais conseguiram a laserterapia no HMI.

A animação e felicidade Kemilly é notada por todos no hospital onde ela faz sessões a cada 15 dias. “Nós estamos bem felizes por ela. Ela está reagindo muito bem, mudou completamente. Ela já percebe toda a diferença no corpo”, afirma o médico Zacharias Calil, responsável pelo tratamento da menina.

A laserterapia ainda está no início e a previsão é de que 40 sessões sejam realizadas dentro de dois anos. A cada nova etapa também é necessário que se faça retoques nas áreas já tratadas. “Ainda não podemos dizer se conseguiremos eliminar todos os pelos. A expectativa é que, pelo menos, 70% dos pelos sejam removidos definitivamente”, disse Calil.

A próxima etapa é remover o pelo das costas, mas a data do novo procedimento ainda não foi agendada. “Preferimos deixar em aberto até decidirmos o dia certo da nossa mudança paraGoiânia”, revelou o pai da menina, o eletricista Antônio de Souza, 34 anos.

Mudança
A longa distância percorrida para o tratamento de Kemilly obrigou os pais a decidirem mudar para Goiânia. Eles têm que sair do Tocantins e enfrentar 25 horas de viagem de ônibus para levar a filha até o HMI.“Nós sempre pedimos passagem de avião para a Secretaria de Saúde do Tocantins [Sesau], mas eles nunca nos deram, falam que já dão a de ônibus e que não tem justificativa para trocar por avião, mesmo sabendo que ela fica com toda a pele sensível”, disse Patrícia.

Kemilly Vitória nasceu com o corpo coberto de pelos e pais buscam tratamento (Foto: Fernanda Borges/G1)Kemilly Vitória nasceu com o corpo coberto
de pelos (Foto: Fernanda Borges/G1)

A família pede passagens aéreas ao governo, pois, após as sessões, a pele de Kemilly deve ser protegida do sol, para que não surjam manchas. “Como é que vão protegê-la viajando 25 horas em um ônibus? Por isso, sinceramente, até acho justo que os pais mudem para Goiânia, pois aqui terão um auxílio maior”, disse Zacharias Calil.

“Eu desisti de esperar a ajuda do governo. Minha preocupação maior é com a saúde da minha filha, então nós alugamos uma casa aqui [em Goiânia] e vamos mudar, recomeçar do zero”, disse o pai de Kemilly.

Nesta e na última sessão, a família viajou de avião até a capital com passagens doadas por pessoas que se solidarizaram com a história da criança. “Mas não dá para ficar dependendo da ajuda dos outros para sempre. Agora eu vou precisar procurar outro trabalho aqui para nos manter”, disse Antônio.

Atualmente, a família sobrevive com a renda de R$ 1 mil proveniente do salário de Antônio. “Até o meu marido arrumar outro emprego, vamos sobreviver com o dinheiro que eu ganhei vendendo algumas roupas. Pegamos um dinheiro emprestado, compramos tudo em roupas e eu revendi”, disse Patrícia. “É difícil separar do resto da família, mas a prioridade é cuidar da nossa filha, ver ela feliz”, finaliza a mãe.






Fonte: Do G1

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