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Secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamente
O secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), Alexandre Bustamante, saiu em defesa da Polícia Militar em relação ao caso do cabo Leandro Almeida de Souza, 22, que responde pelo duplo homicídio ocorrido em uma tentativa de assalto, em uma casa de câmbio, no dia 24 de fevereiro passado, em Cuiabá.
Laudo pericial divulgado pela Polícia Civil aponta que os tiros que mataram a funcionária da casa, Karine Fernandes Gomes, 19, e o soldado da PM, Danilo César, 27, foram disparados por Almeida. A tentativa de assalto foi cometida por Edilson Pedroso da Silva, 28, preso dias depois da ação.
Em entrevista ao programa Conexão Poder (TV Rondon/SBT), no domingo (23), Bustamante afirmou que o PM irá responder nas esferas civil, criminal e militar pelas mortes causadas, mas que o fato não pode ser visto pela sociedade como decorrente da má formação dos policiais no Estado.
"A gente não pode colocar todo mundo no mesmo saco e falar que policial é bandido. Ele não saiu de casa para matar ninguém."
Com formação de policial federal e tendo chefiado, por 18 anos, a área de inteligência da Polícia Federal, o secretário disse que "conhece bem" as academias de Polícia do Estado.
“A gente não pode colocar todo mundo no mesmo saco e falar que policial é bandido. Ele não saiu de casa para matar ninguém. A preparação não é falha, não. Temos 10 mil policiais no Estado de Mato Grosso. Quem errou foi um [policial]. Quando um jornalista erra, erra toda a imprensa? Não. Então, quando um policial erra, não erra a polícia toda. E ele vai responder pelos erros dele”, disse.
Segundo ele, a sociedade precisa entender toda a pressão sofrida pelo policial no momento do disparo da arma de fogo, quando ele precisa pesar toda a tensão do momento e as consequências que ele pode sofrer posteriormente.
"O meliante estava com arma em punho. Ele sacou a arma para não atirar? "
“São aqueles minutos antes do disparo da arma de fogo, quando ele tem que sacar a arma dele, ‘botar’ ela na mão, mirar numa pessoa e atirar... Se ele é uma pessoa religiosa, se ele é uma pessoa de bem, o quanto isso o aflige, todo o sentimento que ele tem dentro dele... Tudo isso é avaliado naquele momento por um policial quando ele faz o disparo de uma arma de fogo. Na realidade nenhum policial sai de casa para matar ninguém”, afirmou.
Para Bustamante, não há que se criticar o policial por atirar primeiro, caso a sequência de ações seja comprovada.
"A sociedade hoje quer uma polícia ativa. E quando a polícia é ativa, começam a desvirtuar as coisas. Não aceito isso. Os policiais, na maioria, trabalham muito bem, protegem a sociedade"
“O meliante estava com arma em punho. Ele sacou a arma para não atirar? O grande problema existente hoje que a sociedade tem que entender é que no confronto, o policial não é o bandido. O bandido é o bandido mesmo, aquele que entrou com a arma de fogo para atirar. O policial não tem obrigação nenhuma de esperar que uma pessoa que não tem habilitação e que entra numa casa de câmbio para assaltar atire primeiro”, defendeu.
“Erro fatal”
Bustamante afirmou que “o erro policial não justifica a atividade criminosa”, mas que a sociedade não pode denegrir toda a segurança pública por causa do erro de um policial e esquecer os acertos da polícia.
“A sociedade hoje quer uma polícia ativa. E quando a polícia é ativa, começam a desvirtuar as coisas. Não aceito isso. Os policiais, na maioria, trabalham muito bem, protegem a sociedade. A única entidade que coloca a sua vida em risco para proteger a sociedade é o policial. A sociedade tem que unir e ajudar os policiais. Eles cometem erros como todo mundo. A imprensa comete erro, o Judiciário, o Ministério Público. Há erros de todos os lados, da saúde, da educação”, justificou.
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O secretário durante entrevista ao Conexão Poder, apresentado por André Michells |
O secretário disse ter consciência de que a polícia não deve errar e afirmou, ainda, que ninguém é mais penalizado por um erro do que o profissional de segurança, uma vez que as corregedorias são muito ativas e “ninguém passa a mão na cabeça de ninguém”.
“Ele pode ser preso e perder o cargo. Ele pode ter 30 anos de cargo e vai pra rua. Vai trabalhar com o quê, agora? A vida inteira ele foi policial, mas perde a aposentadoria e o emprego. Como ele vai sustentar sua família, que recebe uma pena também? Isso tudo porque ele estava trabalhando”, disse.
Sobre a possibilidade dos dois PMs estarem fazendo um “bico” na casa de câmbio no horário de trabalho, o secretário disse que tais acusações devem ser checadas e confirmadas antes de serem ventiladas.
“Quem diz que eles estavam fazendo bico, tem que provar. Se estavam fazendo bico, um está morto, não vai fazer bico nunca mais. O outro, se estiver fazendo bico, vai fazer o emprego”, afirmou.