A Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais (Seds) informou que afastou preventivamente os agentes que estavam dentro da Central de Escoltas, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de onde 45 armas foram roubadas nesta segunda-feira (24). A primeira suspeita é que os nove agentes penintenciários tenham sido dopados.
Nesta segunda, 39 pistolas .40 e seis submetralhadoras foram roubadas da unidade, ao lado da Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. Os agentes foram encontrados, na mudança de turno, alguns dormindo e outros passando mal. Alimentos que estavam no local serão periciados.
Murilo Andrade de Oliveira, subsecretário de Administração Prisional de Minas Gerais, contou que, segundo informações preliminares, o roubo deve ter acontecido entre 23h deste domingo (23) e 5h desta segunda. Um grupo saiu da Central de Escoltas por volta das 21h de ontem para acompanhar um deslocamento, e voltou para unidade cerca de 23h.
De acordo com o subsecretário, o afastamento é um procedimento padrão, até que a investigação do roubo, que será conduzida pela Polícia Civil, seja concluída. Este afastamento será por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. O corregedor-adjunto da Secretaria de Estado de Defesa Social, Alexandre Martins da Costa, acompanha as investigações. Segundo ele, todos os nove agentes responderão a processo administrativo por serem servidores efetivos.
O governador Antonio Anastasia determinou, nesta segunda, que as forças de segurança do estado priorizem a prisão dos criminosos e a recuperação das armas roubadas. Uma força-tarefa integrada pelas polícias civil e militar, com uso de batalhões especiais e do setor de inteligência, foi montada. A Corregedoria da Seds apura possíveis "desvios de condutas de funcionários", segundo nota da secretaria.
Intoxicação?
A principal suspeita é que os agentes tenham sido dopados, por causa do estado em que se encontravam na troca de turno. O subsecretário confirmou que os agentes comeram o jantar preparado dentro do presídio. Nesta preparação, trabalham funcionários da secretaria e alguns detentos autorizados para tal serviço. Além deste jantar, outros alimentos foram encontrados dentro da Central de Escoltas, provalmente, levados pelos próprios agentes.
Agentes que trabalham na Central de Escoltas, dentro
do Deoesp, em Belo Horizonte (Foto: Raquel Freitas/G1)
De acordo com a secretaria, os próprios agentes penintenciários buscaram, fora da central, salada de frutas e refrigerentes.
A hipótese de que detentos tenham colocado alguma substância na comida dos servidores será investigada, mas a secretaria já adianta que mesmo que algum alimento tenha saído da cozinha da penitenciária, são os próprios agentes que preparam e fecham suas marmitas. A mesma comida foi servida, segundo a Seds, a outros agentes da Dutra Ladeira, mas ninguém apresentou os mesmos sintomas.
Os agentes foram levados para o Instituto Médico-Legal (IML), em Belo Horizonte, onde foram submetidos a exame de sangue e urina para avaliação toxicológica. Depois, eles foram encaminhados para o Departamento de Operações Especiais (Deoesp), na Gameleira, Região Oeste da capital, onde, segundo informações de servidores no local, prestavam depoimento nesta tarde.
Central de Escoltas, em Ribeirão das Neves, na Grande BH
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Segurança
A casa onde funciona a Central de Escoltas, de acordo com o subsecretário, não tem alarme e nem circuito interno de TV. Uma câmera de segurança na Penitenciária Dutra Ladeira consegue acompanhar o entorno da casa, mas não teria gravado nenhuma movimentação suspeita durante a madrugada.
As armas que foram roubadas estavam em dois lugares: dentro de um cofre e dentro de uma sala blindada. Oliveira explicou que nenhum destes locais foi arrombado, nem outra porta da unidade.
Apesar da falta de equipamentos de monitoramento e segurança, o subsecretário avalia que o roubo poderia ter acontecido em outra situação. "Se fosse tão frágil assim, a forma de furto seria diferenciada. Tentariam entrar, atirando, uma coisa desse tipo. O que não aconteceu. No meu entendimento, poderia ter até muros, tudo que fosse possível, que o fato iria acontecer da mesma forma", defendeu.
Murilo Andrade de Oliveira informou, ainda, que o uso do imóvel para abrigar a Central de Escoltas será reavaliado, assim como as medidas de segurança. Por enquanto, o local está desativado. Ele disse, também, que as armas que ainda estavam na central após o roubo foram levadas para local não divulgado.