O médico e escritor Ivens Cuiabano Scaff (à dir.) recebe o diploma de membro da AML das mãos do presidente Eduardo Mahon. (Foto: Renê Dióz / G1)
O médico Ivens Cuiabano Scaff tomou posse na noite desta terça-feira (25) como imortal da Academia Mato-grossense de Letras (AML). A escolha de Ivens, que também é professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi o reconhecimento a anos de dedicação à produção de poesia e literatura infantil, que renderam pelo menos 13 publicações - entre livros de sua autoria e colaborações.
Dentre as obras publicadas, pelo menos a metade tem temática infanto-juvenil, como "Uma maneira simples de voar" e "O papagaio besteirento e a velha cabulosa". Na poesia, o autor - nascido em 1951 na capital mato-grossense - destacou-se pela abordagem regional e referências a Cuiabá, como em "Mil mangueiras" e "Kyvaverá".
Nesta terça-feira Ivens passou a ocupar a cadeira de número 7 da AML. O patrono da cadeira foi o cônego José da Silva Guimarães. A última ocupante foi Maria de Arruda Müller, segunda mulher na história a integrar a AML.
Seguindo a tradição das cerimônias de posse de imortais na Casa Barão de Melgaço, no centro de Cuiabá, Ivens foi recepcionado por três imortais escolhidos pelo atual presidente da Academia, o advogado Eduardo Mahon, e depois recebeu a pelerine, parte da indumentária dos membros da casa.
Também de acordo com o costume nas cerimônias de posse, Ivens fez referência a todos os patronos da AML, praticamente contando a história do estado. Descontraído, lembrou das vezes em que teve a oportunidade de frequentar a casa na infância e na juventude e contou que, durante um sarau, chegou a chamar a atenção de Maria de Arruda Müller com um dos poemas perante os mais velhos. A acadêmica depois veio a se tornar paciente do então já formado médico que, coincidentemente, acabou a sucedendo na cadeira de número 7.
Além de Maria Müller, o discurso terminou com homenagens a figuras da cultura mato-grossense, como a musicista Dunga Rodrigues, poetas como Zé Boloflô, Moysés Martins, Aclyse de Matos e Antônio Sodré, além dos escritores Ricardo Guilherme Dicke e Tereza Albuês e do humorista Liu Arruda.
Membros da Academia Mato-grossense de Letras, os "imortais", reúnem-se até hoje na antiga casa do Barão de Melgaço, no centro de Cuiabá. (Foto: Renê Dióz / G1)
Ivens foi eleito para a AML em fevereiro deste ano. À época, eram três as vagas na Academia. Com ele, também foram escolhidos João Carlos Vicente Ferreira e Agnaldo Martins Silva, os quais ainda devem tomar posse nas próximas cerimônias.
Sediada na antiga casa de Augusto João Manuel Leverger, o Barão de Melgaço, a Academia Mato-grossense de Letras é composta de 40 membros e é herdeira da tradição iniciada em 1921 com a fundação do antigo Centro Mato-grossense de Letras. Dentre os sócios fundadores esteve o arcebispo Dom Aquino Corrêa da Costa, governante de Mato Grosso entre 1918 e 1922 e principal intelectual do estado, que também veio a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras.