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Nacional
Quinta - 03 de Abril de 2014 às 13:57

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Uma mulher de 29 anos que foi submetida a uma cesariana contra a própria vontade, por determinação da Justiça do Rio Grande do Sul, desabafou contra o atendimento médico recebido no hospital e a decisão judicial. Em vídeo gravado pelo marido ainda no hospital, Adelir Carmen de Goés diz que se sentiu "frustrada" e "chateada" após o parto da filha, Yuja. A paciente deve receber alta nesta quinta-feira (3).

O caso ocorreu na segunda-feira (31) no hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, no Litoral Norte gaúcho. A gestante queria que o bebê nascesse de parto normal, mas a equipe médica entendeu que o procedimento colocaria em risco a vida dela e do bebê.

Após voltar para casa, contrariando a orientação médica, a mulher foi reconduzida ao hospital por um oficial de Justiça, escoltada por policiais, em cumprimento de uma ordem judicial. Na madrugada de terça-feira (1°), Adelir deu à luz sua filha, que nasceu com 3,6 quilos e passa bem. 

"Me sinto frustrada, muito chateada. Na hora que eu já estava de 5 em 5 minutos com contrações, chegou a polícia, chegou o oficial de Justiça, com viatura e ambulância, me aterrorizando, dizendo que, se não eu não cumprisse o mandado, meu marido ia ser preso", diz a mulher no vídeo, com Yuja nos braços.

De acordo com o depoimento da mulher, ela teria informado às enfermeiras que foi ao hospital apenas para ser examinada, mas que não tinha intenção de realizar o parto lá. O hospital, no entanto, diz em nota que a médica responsável pelo atendimento constatou a necessidade de uma cesariana imediata para preservar a vida da mãe e do bebê. Decidida pelo parto normal, Adelir assinou um termo de responsabilidade e voltou para casa.

"Ela [a médica] ficou muito mais brava, disse que eu tinha que assinar [um documento] como se eu estivesse fugindo daqui, que não era ela me liberando. Aceitei assinar, mesmo como fugitiva, porque o acordo que eu tinha feito com as enfermeiras era que eu vinha aqui só para ser avaliada. Já queriam me segurar para o parto cesárea. Assinei o papel para poder sair daqui e tentar entrar em trabalho de parto em casa", explica Adelir.

Após ser procurado pela equipe do hospital, e de posse de laudos médicos que atestavam o suposto risco de morte para a mãe e o bebê, o promotor Octavio Noronha, do Ministério Público de Torres, decidiu ingressar na Justiça com um pedido de medida protetiva. A juíza plantonista Liniane Maria Mog da Silva aceitou os argumentos e determinou que a gestante fosse levada novamente ao hospital – com o apoio da polícia, caso necessário – e que o parto fosse feito por cesariana, se essa fosse a recomendação médica naquele momento.

"Não se buscou, com essa medida, a discussão se é melhor o parto normal ou a cesariana. O que há nesse caso extremo é o risco de vida da criança. Para resguardar esse direito à vida, que deve ser tutelado mesmo contra a vontade da mãe, é que se buscou o ajuizamento da ação", justifica Noronha. "Acima de todas as preferências, está o direito à vida da criança. Esse direito deve ser resguardado com absoluta prioridade. É o que diz a Constituição", acrescenta o promotor.

O diretor-técnico do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, Marcelo Fagundes, nega que a instituição tenha induzido a cesariana na paciente e que, pelo contrário, ajudou tanto a mãe quanto o bebê. Porém, o marido de Adelir, Emerson Guimarães Lovari, disse que vai processar o hospital e a equipe médica.

"Eu queria estar mais feliz pelo fato de a minha filha estar saudável. Se fosse trabalho de parto normal, eu já estaria em casa, porque tenho outra bebê, e o leite teria descido. O leite não desceu até agora, porque no parto cesárea isso demora mais", afirma Adelir no vídeo.

Mãe e bebê passam bem após cesariana forçada em Torres, litoral do RS (Foto: Arquivo Pessoal)

Mãe e bebê passam bem após cesariana forçada em Torres, no Litoral Norte do RS (Foto: Arquivo pessoal)






Fonte: Do G1

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