O governo do estado de Mato Grosso descarta a atuação de grupos de extermínio por trás dos últimos casos seguidos de homicídios ocorridos na Grande Cuiabá durante a semana, que chegou a registrar oito assassinatos em pouco menos de 24 horas. O posicionamento é do secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, que negou a existência dos grupos de extermínio em declaração à TVCentro América na última quarta-feira (14).
"Não tem nada a ver com grupos de extermínio", declarou o secretário quando perguntado sobre a recente onda de violência. Entre a noite de terça-feira e a noite de quarta-feira, oito pessoas morreram em circunstâncias violentas na Grande Cuiabá e outras três foram feridas ao sofrer tentativas de homicídio.
O primeiro caso que chamou atenção foi um triplo homicídio no bairro Nova Esperança 2, por volta das 21h de terça-feira. Dois irmãos de 35 e 27 anos, e um amigo deles, de 18, foram assassinados a tiros na frente da casa de familiares. Eles foram atingidos por tiros disparados de um veículo de cor preta que passou em frente ao local. Como na maioria dos homicídios ocorridos nesta semana, houve uso de arma de fogo e os suspeitos ainda não foram presos.
Organizações criminosas
Apesar do caráter alarmante dos registros, o secretário Bustamante descartou que os responsáveis sejam novos grupos voltados ao extermínio e cogitou que os crimes, ainda em investigação, sejam frutos de disputas e acertos de contas entre quadrilhas de tráfico de drogas já investigadas pelas polícias estaduais.
Em sua maioria, homicídios foram cometidos com arma de fogo e suspeitos ainda não foram presos. (Foto: Reprodução / TVCA)
"Não há de se falar em grupos de extermínio em Mato Grosso, o que há de se falar é de uma estrutura criminal organizada que o Estado está enfrentando", explicou o secretário, referindo-se à operação "Grená", deflagrada pela Polícia Civil no final de abril para desarticular uma facção criminosa surgida no Rio de Janeiro e com braço presente em Mato Grosso.
"Nós desarticulamos parte da quadrilha. Parte da quadrilha dentro dos presídios foi transferida para outros estados e nós estamos na iminência de transferir mais alguns. A parte externa nós debelamos, conseguimos prender pessoal de fora, pelo menos a coordenação", lembrou Bustamante sobre os resultados da operação.
Descartando a existência de grupos de extermínio, o secretário reforçou a hipótese de que o elevado número de assassinatos recentes esteja ligado às já conhecidas organizações de tráfico de drogas e roubos. Elas, enfatizou Bustamante, também se envolvem em enfrentamentos entre si.
"O único enfrentamento que a gente tem é desarticular a estrutura montada para que esses crimes sejam cometidos. Porque quem está como vítima desses homicídios são pessoas que estão saindo do sistema prisional. Em grande maioria, são pessoas envolvidas com o crime organizado - como tráfico de drogas e roubo - e que estão fazendo acerto de contas entre si. Cada pessoa que sai do sistema prisional e que está envolvida com o tráfico de drogas está mais suscetível a homicídios que o cidadão de bem", concluiu.